quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ö!

Das palavras faço o vento… e com o vento escrevo nas linhas que os teus cabelos desenham. Deixo-me ondular nesse mar de aromas… e escrevo retratos a preto e branco que unicamente o luar deixa transparecer…
Escondo-me aqui… além…
Mostro-me unicamente no reflexo das tuas pálpebras… (é nelas que desenho os sonhos que vais viver durante a noite…)
Peço silêncio aos meus dedos para não acordar esse sorriso com que te deitas…
Pinto da cor do céu um oceano maior onde possas voar… deixo que o aroma da saudade invada esse teu mar de sal e... espero… (espero que o teu suspiro nocturno te desprenda as asas que escondes nos recantos mais sombrios do teu peito).
Tela inacabada pela ausência dos traços marcados da voz que não mais escutas… por mais que te pinte as feições cor de esperança… a textura de tua pele, revela apenas o deserto seco em que se tornou… a fria pedra que um dia o coração cultivou.

terça-feira, novembro 28, 2006

[...]


"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma"
Mário Cesariny
(a sombra... e os seus momentos)

quarta-feira, novembro 15, 2006

É Noite...


É noite… já vai longa a noite…
Hoje a noite vai adormecer no seu travesseiro de nevoeiro… as mágoas não vão carpir em sons da chuva… vão unicamente, neste silêncio, depositar o dia a dia difuso que a claridade teima em mostrar. É noite… sente-se na sua pele as gotas de orvalho que vão acumulando… a noite hoje não murmura um único sorriso, uma única dor… está adormecida, distante de mim… este nevoeiro parece inebriar tudo e todos, não há um único som… apenas os meus passos parecem existem nesta imensidão de noite… apenas o chão que piso parecem ter uma história para contar… mas não, não… mil vezes não… não quero escutar mais um conto calcorreado pelos passos humanos… não… quero-te a ti noite… quero que me sussurres as brisas distantes… quero que me faças sentir na minha pele… os aromas que viajaram no tempo… quero fechar os olhos e ver mais claro o que tanto gostas de esconder… quero uma vez mais descobrir os teus mistérios… quero que me traduzas os sons das corujas… quero que me olhes nos olhos… e me mostres… a negra cor da tua essência… quero tocar-te… com as mãos… tocar-te e sentir que arrepias… quero…

Mas… hoje, estás envolvida pelo este manto denso e difuso… tens o escudo em alerta… hoje certamente será o teu dia… será o dia em que tu própria queres ser a protagonista naquela historia do travesseiro ser bom conselheiro… hoje não quererás fazer companhia a quem quer que seja… apenas desejas... ficar ai... no teu cantinho… protegida pelo teu manto branco… hoje és tu a ver a luz enquanto «dormes»… hoje serás tu a descansar a alma!
É por tudo isso, todo este silêncio… todos respeitam o deu descanso…

Sabes Noite… tem uma boa noite… (Dorme bem!)

(a sombra... e os seus momentos)

domingo, novembro 12, 2006

Turning

Por mais brilhantes e encantadores que sejam os momentos a preto e branco… há, sem qualquer tipo de dúvida, momentos em que só os vivendo ao vivo e a cores fazem todo e mais algum sentido!
A música pode até colorir a imagem restrita de cores, mas… certamente a imagem aqui criada por cada um de nós… será bem distante… bem diferente… das visões, das cores, das sensações, dos arrepios que ao vivo e a cores pude comprovar!
E é assim… é por este motivo… é depois desta experiência que, cada vez mais, teremos mais vontade ainda de sentir e conhecer… os encantos do preto e branco, posteriormente… conseguiremos mais vivas cores… muito mais será possível fazer… até mesmo um arco-íris construir… quando as únicas cores existentes… são o preto e branco.
(a sombra...sombreou por si)

sábado, novembro 04, 2006

À Sombra...

Há uma lágrima que chora… para dentro de si mesma…
Há uma lágrima que se afoga… no deserto do seu tema….
Há sempre uma lágrima que vive e se alimenta da nossa morte…
A preto e branco se resumem os teus sonhos…
Nem uma lágrima transparente consegues colorir…
Depositas, lentamente, teu olhar no chão… (por lá jaz teu despedaçado coração…) escondes o rosto, não dos outros… escondes o rosto… para que TU não o possas sentir…
De braços caídos, aprisionas-te dentro de ti…
Nem um sorriso libertas… ficas imóvel… tão pouco soluças… apenas te deixas ficar… aqui, onde a luz é ainda mais cega que a tua própria alma… aqui, onde o chão é mais suave que o teu duro coração… aqui, onde a esperança se veste de negro e a fé em ti própria… se suicida a cada abrir e fechar de olhos!
Já não sabes o que sentes… já não sabes sequer sentir… conquistas o direito à vida unicamente porque sabes que a morte te aguarda com um sorriso…
(a sombra... e os seus momentos)


Craig Armstrong - WTC

segunda-feira, outubro 30, 2006

Musicalidades...

Está ali à direita um novo elemento deste blog! Faz parte das palavras que aqui vou deixando as melodias das musicas que vou interiorizando... fazia então todo o sentido proporcionar o conhecimento dessas musicas que me vão acompanhando neste mundo!
Alguns sons poderão parecer estranhos... duros de «entrar» no ouvido... mas, a musica provavelmente não foi feita para ser escutada... foi sim para ser sentida... e esse sentir, tanto nasce nos acordes mais simples como nas melodias mais complexas e «estranhas».

segunda-feira, outubro 23, 2006

Frases (Des)feitas... IV

«Esta vida são dois dias»
(Logo eu que... só tenho vida à noite...)
Para alguns, tempo a mais... para muitos tempo a menos...
Esta vida nunca são dois dias... são sim, as lembranças... as memórias que deixamos e (hipotéticamente) levamos.
No fim, tudo se resume a isso!

quinta-feira, outubro 12, 2006

Frases (Des)feitas... III

«A esperança é a ultima a morrer»
A esperança não é mais que uma resposta reticente às interrogações das nossas vivências... é o derradeiro suspiro daquele que na realidade já não acredita.

terça-feira, outubro 10, 2006

«No surprises»



Um dia... acordamos e... não reconhecemos quem somos e no que nos transformamos!
Mas, porque será que tudo isso não surpreende?! Se aquilo que somos é, em grande parte, fruto daquilo que construímos, não será estranho que esta sensação nos seja tão familiar. Podemos não saber em que nos transformamos, mas... certamente sabemos o que nos levou até aquele ponto.

quarta-feira, outubro 04, 2006

[...]

Nú chão...

Hoje (ontem... sempre!) fugi de mim e dos meus pensamentos... acabei por me achar lado a lado nas memórias futuras revisitadas ao longo do passado tempo.
Achei(-me)... perdi(-me)... e regressei à angustia de não saber novamente para onde fugir.
É estranho... mas é quando mais queremos de nós fugir que mais rápido e fortemente acabamos por nos encontrar.
E tudo recomeça... e todo o meu eu me prende... e toda a minha sombra me ilumina...
Fugir de nós próprios... para sempre nos reencontrarmos, é fugir de um pesadelo... para nele continuarmos a viver.
(a sombra...sombreou por si)

segunda-feira, setembro 11, 2006

11/9... nine eleven

Olhando bem para esta criança… pergunto-me, será que ela sabe o que é o Terrorismo? Será que este dia 11 de Setembro lhe dirá algo de especial?! Certamente que não, por certo que será apenas um dia mais sem ter o que comer. Ela, ao contrario de nós, não tem essa necessidade de olhar o tempo… o seu tempo não se mede pelo ponteiros dos relógios, não necessita de calendários… o seu tempo é moldado com o seu soluçar… é o seu choro que ponteia segundo a segundo a sua vida! Aquilo que pretende ser um despertar, um grito para acordar atempadamente… não passa de um segundo mais que acabou de morreu!
Terrorismo… esta criança sim, sabe o verdadeiro significado desta palavra… querem terror maior do que este, será que existe terror maior do que saber, antes mesmo de nascer, que a sua sentença de morte está já declarada?!
Digam o que disserem, façam o mediatismo que fizerem, a mim ninguém me fará distorcer a proporção das coisas… todos os dias… todas as horas… durante muitos minutos, houve, há e haverá crianças cujos rostos não conhecem a expressão… as feições de um sorriso… que será isto senão… terrorismo?!
Obviamente não vou politizar toda esta questão, nem quero com tudo isto menosprezar o sofrimento de todos que directa ou indirectamente foram atingidos por aquele acontecimento, mas… sejamos coerentes, acima de tudo… sejamos humanos… será que cada um de nós disponibilizou, nestes últimos 5 anos, a mesma solidariedade para com o que se vive em Africa?!
Terrorismo… olhem a foto… e sintam… a angustia desta criança… ela própria seria capaz de derrubar as torres das vaidades!
11 de Setembro de 2001… apenas um mimo… num mundo repleto de terrores.

Nota Final: já imaginaram quantas vidas poderiam salvar 1/10 do valor de construção da torre mais alta do mundo? (a ser construída no mesmo local) Pois… bem mais que três mil crianças… bem mais que três mil crianças… muito mais que três mil crianças… (quem sabe se… escrevendo o número… deixamos de uma vez por todas, olhar para aquela foto e ver mais que um mero número)

sábado, agosto 26, 2006

Sonhos...

Sonhos…
De todas as cores….
De cor nenhuma…
De intensos amores…
(De amores) escondidos na bruma…

Sonhos… e mais sonhos…

Com amor à saudade…
Com lágrimas secas…
Com temor à realidade…

Sonhos… sonhados outrora
Caminham longe… em nós…
Sonhos… de um passado chamado agora…

Mais sonhos… muitos mais sonhos…

Sonho acordado…
Os sonhos… que um dia comigo adormeceram.
De olhar fechado…
Vou além… dos segredos que morreram…
Pela liberdade terem alcançado.

(a sombra...sombreou por si)

sexta-feira, julho 21, 2006

«You are my sister»



Sei que a vida nos proporciona coisas extraordinárias, a uns mais do que outros, mas… posso garantir-te, a ti… que tu foste a maior… a melhor dádiva que a vida me poderia alguma vez ter dado! Sei que porventura a minha forma de ser nos foi afastando de certos pormenores… sei que muitas vezes pareço distante daquilo que mais te toca… sei que inúmeras vezes transpareço indiferença… mas quero que saibas que não há dia que não pense e me preocupe contigo… quero que saibas que tu és e sempre serás a razão que me faz continuar… prosseguir…
Não queiras fazer de mim, um modelo a seguir. Não vejas em mim exemplo para o que quer que seja… sou apenas e só teu irmão. Confia em ti, na tua própria força… não deixes que as tuas inseguranças se transformem numa âncora demasiadamente pesada, não deixes que elas impeçam a tua felicidade… não te deixes afogar no oceano de medos e fantasmas… acredita em ti… sempre… que, o teu irmão estará sempre do teu lado… para o que der e vier!
Muito ficou por dizer… comigo sempre fica… mas… isto é para ti mana… para ti que és… a mulher da minha vida!

«You are my sister
And I love you
May all of your dreams come true
I want this for you
They're gonna come true»

(A sombra escutou-se na música de Antony and the Johnsons)

quinta-feira, julho 13, 2006

Brilho...


Transpiras serenidade…
És o sol que vai amadurecendo
Nas encruzilhadas perdidas da eternidade…

Tu que brilhas lá longe…
Mas que de tão perto me aquece…
Não me escapes, nessa metade que escurece…

Silêncio…

É noite… e ainda brilhas…
És presente… na saudade que procrias…

Como estás distante…
Sinto-o… em mim!

Não…
Já não sei se tua luz me cega,
Se, para outras margens, me desvias o olhar…
Se me cativa ou afasta essa tua entrega…
Que conseguiu, um dia… te inundar.

Se… se um dia ainda permanecer…
(na memoria do teu pensamento…)
Aquela luz que… à noite teus sonhos radiava…
(com as lembranças do mar… do vento…)
Talvez um dia, desejes uma nova luz esconder…
(não apenas… peito adentro…)
Talvez um dia, luz e sombra… sejam a mesma palavra!
(no dicionário que faz do teu coração… o centro!)

Há muito mais por onde permanecer…
Há muito pouco por onde escolher…
Há sempre tanta força no amanhecer…
Como esperança ao anoitecer…

Meu sol que brilhas ao luar…

Minha lua que dá vida ao dia…

Meu eu… que na luz faz a sombra…
Meu eu… que na sombra… tenta achar a luz!


(a sombra...sombreou aqui )

quinta-feira, junho 29, 2006

Frases (Des)feitas... II


«O (silêncio) é de ouro»
Seja qual for o metal precioso… o silêncio tem como de mais valioso… o condão de... despertar as palavras... que vão adormecendo no nosso coração.
(a sombra...sombreou aqui)

quarta-feira, junho 21, 2006

Tatuagens...


São lágrimas… são estas lágrimas que vão desenhando as tatuagens que me estão cravadas na pele…
Não, nada é visível… nem mesmo ao toque consegues traduzir a textura dos sentimentos escondidos…
Não, não penses ser capaz de sequer sentir! Uma lágrima derramada… uma tatuagem construída… fica para sempre silenciada, na sombra do sal evaporado…
Sim, aqui fica a leito húmido do desalento… mas o sal que a alma liberta… evapora-se no momento em que se encontra com as tatuagens anteriores…
Deste ciclo… de sal evaporado… que me de mim sai… através de mim se transforma… e a mim retorna… o vicio não reside neste vai e vem cronológico… o vicio... tem residência fixa… nos locais que a minha sombra ajuda a iluminar.
Tatuagem de uma lágrima derretida… faz do meu coração… pedra de gelo enfurecida… que bate… bate sem parar… até derreter, novamente… o gelo que não chega a solidificar.
(a sombra...sombreou aqui)

sábado, junho 17, 2006

Frases (Des)feitas...

A leste...
do paraíso...

está...
a esperança...
o norte...


do teu...
...sorriso!

segunda-feira, junho 05, 2006

[...]

É tempo…
Foi a hora…
Foi o presente de tormento...
É passado curto… na sua demora!
Distância…
Estou longe de mim!
Aqui me encontro na inconstância…
De um não… talvez… sim!
Foi-se o tempo… o Tempo…
É chegado momento… parti!
Rumo ao sabor deste vento…
Lado a lado com a Lua que me sorri.
Hoje… sou deserto
Sou a bruma igual para deuses contrários…
Sou mentira do errado mais correcto…
Que percorre a verdade em caminhos imaginários.
Contra a saudade…
Fecho-me nos meus olhos, assim… bem fechados…
Brinco ao faz de conta pra toda a eternidade…
E espero-me… no anonimato dos perdidos e achados.

sexta-feira, maio 19, 2006

Julguei...

Julguei… que fosses a suave maresia que envolve em orvalho as pétalas que o teu sorriso vai revelando aos poucos… mas… os teus olhos não são mais os raios de sol que outrora aqueciam as frescas manhãs marítimas…
Julguei… que poderias ser novamente a imagem reflectida na alma do meu olhar… mas não… és apenas neblina intensa que me conduz aos caminhos frios, duros e escorregadios das rochas encrostadas de algas…
Julguei… imensos cenários, mas… afinal… o mar aqui já não persiste… resta apenas a fina areia deste (agora) deserto! Sim… deserto… as ondas que o vento desenha na areia… não conseguem reavivar o teu sabor a mar… não existe mais esse mar… não existe mais... a presença do teu sal.

segunda-feira, maio 15, 2006

(:))...


De que me vale saber interpretar e ver certas coisas… se… não tiver quem me faça viajar?!

(a sombra...sombreou por si)

quinta-feira, maio 04, 2006

1 :)

Quantas vezes, um sorriso... não é mais que um refugio da moribunda dor...
Quantas vezes, um sorriso... é gesto, reflexo, esgar de sentimentos contorcidos no interior...
Quantas vezes, um sorriso... não é senão, meio de diversão para esconder um olhar comprometedor...
Quantas vezes, um sorriso... não vai além... da metáfora de um arco-íris sem cor....
Se um dia... o dia fosse a noite, veríamos claramente tanto daquilo que o dia teima em esconder...
Ele há sorrisos assim... que nos envolvem... nas invisíveis lagrimas que pensamos conter.

terça-feira, maio 02, 2006

365 Dias Após...

A uns dias atrás, este blog contou 365 dias de existência! Como é normal em muito dos blogs que conheço, é habitual fazer um post dedicado a este dia em particular! Convenhamos que eu não sou de dar grande valor a datas, principalmente aquelas que mais me dizem respeito, como sempre, foi mais um dia entre muitos outros.
Hoje resolvi olhar um pouco para trás e fazer um breve comentário a tudo aquilo que por aqui foi sendo escrito.
Vislumbrando daqui o passado, o presente não está assim tão diferente quanto isso… continuo a caminhar à base das entrelinhas, continuo revelando mais nos meus silêncios do que propriamente à luz de cada palavra que escrevo. Os dias em que há vontade de deixar aqui algo são largamente em maior quantidade do que aqueles que realmente me dedico a escrever na minha sombra!
E assim continua a minha sombra, vagueando ao som de um piano que toca muitas vezes, uma música diferente daquela que os dedos revelam. Aqui, não serão as teclas pretas ou brancas a colorir a música que se vai revelando, será sempre… a alma que vai colorindo a melodia, por mais transparentes que sejam as palavras, existe sempre uma cor… existe sempre a minha cor a revelar um possível tom (som) … existe sempre a minha sombra a moldar essa mesma cor…
Trezentos e sessenta e cinco dias depois…

terça-feira, abril 25, 2006

Liberdade...

Dia especial este para todos os Portugueses…
Só mesmo em Portugal… para a liberdade ter como símbolo… uma flor!
Com este vermelho cravo, cravo em mim... todo o aroma a Liberdade…
Liberdade que voa e voa… de flor em flor… de mão em mão… no peito de cada um… bem junto ao coração.
Não deixemos que a Liberdade possa ter a liberdade de condicionar os direitos que cada um de nós tem… não deixemos que esta liberdade actual, nos leve a esquecer os segredos, os amores, as vidas, as lágrimas, as saudades, os sorrisos, o orgulho, os gritos… que neste Cravo Vermelho estão incorporadas.
Eu… que não tive o prazer de viver o 25 de Abril de 1974, presto aqui a minha homenagem a todos aqueles que tiveram a coragem de lutar pela liberdade colectiva, pelos seus ideais.
Aos muitos que, como eu, não viveram este momento, não esqueçam de valorizar ainda mais a liberdade que temos.
Hum… sabe tão bem sentir este arrepio no corpo quando se escuta… «Grândola, vila morena»

segunda-feira, abril 17, 2006

Shhhhh...

Fecha os olhos…
É noite… mas mais escura está a noite em mim…
No gesto delicado, levas tua mão ao rosto…
Como se uma pena flutuasse sobre tua pele jasmim…
Fechas a alma…
É dia… mas de claridade ausente…
Todo o brilho ficou retido na tua calma…
Toda a luz… claudicou nesse teu passado presente!
Fechas o coração…
Não és dia… não és noite… és intemporal…
És o tempo que não passa à acção…
És acção… sem gesto corporal.

(a sombra...sombreou aqui)

domingo, março 12, 2006

Amor… feito pedra!

Um dia… houve alguém… que de tanto amar o mar… lhe voltou costas…
A música do seu olhar… ficou assim… feitiço de pedra…
Os braços que antes estendias, subiram aos céus… pedindo clemência… ajuda.
O mar ao longe… continua vigilante… tomando conta de ti…
Mesmo que de costas continues…
Mesmo que o consideres apenas e só uma enorme massa de sal…
Ele continuará a ser a tua música favorita…
As suas ondas… continuam sendo os teus sorrisos preferidos…
A maresia… o teu perfume de sempre…
Sim… eu sei… eu sei o porquê desse teu rosto de sofrimento…
Não… não é nada fácil querer imensamente estar longe…
Continuamente sentir tudo isso… assim ficaste… estátua de granito…
Cada onda (sorriso) que se esbate… cada gaivota que avistas no ar, é ciúme de morte para ti… cada murmúrio que ele entoa… é tua musica (teu sofrimento) preferida… cada pedaço daquele amor… que tanto queria esquecer… fez de ti… estátua fria, imóvel, dura… neste canto perdida…
- Sabes o segredo que induzes?! Querias tanto esquecer aquele amor… que acabaste por te esquecer de ti. Cada lágrima que tua alma verteu… por não sentir o coração pulsar… cristalizou… até neste estado te transformar.

(a sombra...sombreou por si)

terça-feira, março 07, 2006

[...]

Tenho tanto dentro de mim…
Que só o vazio consegue libertar…
Tenho aqui, tanto em mim…
Que só o sombrio consegue atear…
Distante mar… que sorris para o meu fim…
Minhas lágrimas… o corpo podem salgar…
Minhas sombras… a mente podem enclausurar…
Mas a alma, essa… continua livre em asas de cetim…
Agora…
Agora só quero mesmo… caminhar…
Caminhar…
Sobre a luz dos sorrisos que nas dunas tanto gostas de desenhar…

(a sombra...sombreou em si)

domingo, fevereiro 19, 2006

[...]


Hoje, apetecia-me falar de amor…
Há dias assim… procuram-se histórias no interior…
Buscar as palavras mais belas…
Pintar a loucura, a paixão, colorir negras telas…
Hoje, como ontem… apetecia-me conversar…
Dizer por dizer… coisas sem ninguém escutar…
Ontem como amanhã… o silêncio que invade o coração…
Persistirá… presente… na ausência dessa invasão.
De tempos a tempos… escuto… sinto…
Este vazio… que reanima, depois de extinto…
Que me preenche… com inúmeros nadas…
Que me deixa, livremente de mãos atadas.
(Luz ao fundo…) ávido por um olhar…
Entro em túnel com vista para… amar…
Às paredes… meus sonhos vão segredando…
Os medos… os pesadelos… que vou guardando…
Ontem, como hoje… nasci de novo…
Hoje… como amanhã… morro…
Reencarno agora, novamente em mim…
E parto… para futuro com idêntico fim…
De mãos livremente atadas…
Repito-me…
De mãos livremente atadas…
Há sempre uma liberdade…
Há sempre uma verdade…
Há sempre… uma eterna saudade…
Para dizer… (o que disse na intimidade)

(a sombra...sombreou aqui)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

(T)Eu...



Estou…
Estavas…
Serei eu este que sou…
Terei eu a alma que ancoravas…
Fui…
Vieste…
Fiquei longe de ti (isso se conclui…)
Escutando música de coração agreste…
Imagino…
Imaginavas…
Que o vento, será nosso hino…
Que o luar, seria reflexo com que me torturavas…
Senti…
Sente…
Que a sombra «daquela» árvore chora por ti…
Que o grito da coruja, tua sabedoria consente…
Lembro…
Lembrarias…
Das incandescentes folhas do frio Novembro…
Do calor da fogueira que aqui dentro acendias...
Penso…
Pensarás…
No que seria sem este nevoeiro intenso…
No que poderia ser, sem a dúvida voraz…
Sorrio…
Sorriste…
Do passado… da nascente deste rio…
Do leito… da foz futura que já não existe…
A preto e branco…
Com vivas cores a temperar….
Horizonte é aquele mesmo recanto…
Que nos leva, onde tudo volta a iniciar.
Eu vi…
Tu viste?!

(a sombra...sombreou aqui)

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Ves(z)...?!

(a sombra... sombreou aqui)

Era uma vez…
Uma vez que nunca chegou a ser…
Que por cansaço de tanto querer…
Morreu, antes mesmo de nascer.
Foi uma vez…
Tantas vezes numa só…
Presente, num passado perdido no pó…
Sem início, sem fim… numa música sem dó.
A força das minhas incógnitas…
Uma soma de vezes dividi…
O resto… no infinito descobri…
Refém da solução que sempre conheci.
Às vezes…
Caminho… par a par com a minha sombra…
Em rumo impar de tamanha ligação…
Seguimos diferentes, almejando a perdição…
No destino certo que evoca a razão.
Às vezes… (muitas vezes)
Perdemo-nos…
Eu da sombra…
A sombra de mim…
Por entre a vida (cor) deste jardim…
Fica apenas o trilho castrado (cinza) do (no) fim…