terça-feira, dezembro 21, 2010

É Natal

Dizem que é Natal! É oficial... o Natal chegou!
De uns dias a esta parte, tenho percebido que o Natal chega numa espécie de pré-época, vai-nos adocicando aos poucos com momentos tipicamente natalícios! Sim… a decoração das casas… tudo esta mais vermelho, tudo esta bem mais florido, tudo cheio de luzinhas a piscar, como que clamando socorro em código Morse fazendo crer aos entendidos que ali está uma luz, uma cor uma mensagem de paz e alegria que necessita urgentemente de ser libertada e propagada.
O problema é que as luzinhas só vivem durante a noite, e mesmo à noite, têm um período escasso de vida - como pirilampos. Logo há quem resolva poupar na energia… que a vida não está fácil para ninguém! E tudo volta ao normal… tudo parece ficar adormecido no dormitar normal dos humanos!
Adormecemos como todos os dias… provavelmente até adormecemos com maior dificuldade porque ainda não compramos «aquela» prenda para «aquela» pessoa… ou não sabemos ainda como gerir o nosso orçamento, ou então… não sabemos ainda se sempre vamos «dar» algo aquela outra só porque…há ainda umas quantas questões a solucionar!

Mas logo amanhece… os pássaros, imunes às quadras (a não ser, quiçá, as épocas de caça) lá acordam a chilrear como em todos os outros dias… e o dia vai amanhecendo… e as pessoas vão acordando… e as pobres luzinhas que ficaram por esquecimento a piscar…. ou porque há a secreta esperança que alguém, às tantas da madrugada, passe na rua, fique a saber e dê a saber aos demais, que nesta e naquela casa há espírito natalício!

E lá vamos acordando nos últimos dias. Logo pela manhãzinha dá para sentir os aromas do natal, ligamos a TV e somos desde logo bombardeados por um infindável número de anúncios a perfumes cheirosos, músicas estimulantes, imagens misteriosas… (quem sabe, se… no sapatinho não recebo um desses perfumes… com anúncio incluído:)).
Mas a vida corre o seu natural ritmo, não há que pensar muito que isso dá dores de cabeça, apenas levantar a cabeça… rumar ao nosso destino… sentir o espírito do natal no trânsito... ver os sorrisos dos outros condutores… uns abrindo a boca, outros rindo para a voz que se escuta na telefonia… outros há, casais, cegos surdos e mudos para quem vai ao seu lado… e ainda ha aqueles que parecem apenas comunicar por linguagem gestual, gesticulando alto e bom som para que todos vejam!
E chegamos ao destino… e trabalhamos… fala-se sobre prendas… sobre o jantar de natal da empresa, nos aumentos do próximo ano… no clube de coração que perdeu… na vizinha de cima... no vizinho do lado… e os políticos que são uns filhos da mãe… e os outros, que também são filhos e têm mães, mas que não são filhos da mãe…
E eis que regressamos a casa… com o espírito natalício lado a lado connosco… vamos escutando “jingles” na rádio com musicas natalícias, circulando por ruas iluminadas, bebendo e tendo cada vez mais sede de chegar cedo a casa… mas não conseguimos… e ficamos com fome… porque não matamos a sede de chegar cedo… e ligamos as luzinhas de natal… há que acender o espírito… e deixar que ele penetre em nós e nos que avistam as luzinhas… e preparamos o jantar que isto de ser natal não faz com que o trabalho de casa se faça sozinho… e há que preparar os miúdos para dormir, saber se já fizeram os trabalhos de casa, combinar o dia de amanhã (embora o amanhã… seja sempre a mesma des combinação total) ….…….. por ai adiante!
Sim… é natal… é oficial… o Natal chegou… chegou no preciso momento em que… chegou… naquele mesmo momento… nesse mesmo… estão a ver, não estão? Todos sabem, não sabem? Precisamente… nesse preciso momento… chegou! Mas… porque será que ninguém ainda deu conta?!
(Mensagem de Natal que deixei aqui mesmo em 2007... acho que ainda está actual)

sexta-feira, novembro 26, 2010

da minha janela...

A minha janela não é mágica...

da minha janela não sai magia...

a magia está toda lá fora...

e lá fora estão todos!

Música: Ashram - Maria and the violin's string

Video: Minha Sombra

quinta-feira, novembro 04, 2010

Este era o som do vento quando tocava nos teus braços...

Este era o som do vento quando tocava nos teus braços...
sempre disponíveis para conquistar as folhas maduras que desmaiavam com o verde do teu olhar…
Enganavas o tempo escondendo dentro de ti a Primavera, e não contente, atiravas ao vento palavras soltas que coloriam a paisagem de saudade.
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domingo, agosto 22, 2010

Palavras

Há cartas que caem como castelos. Há palavras que não chegam a ser cartas.
Resta baralhar e voltar a dar todas as palavras que sobreviveram por entre os destroços do castelo e, no fim perceber, que as passagens não são secretas e tão pouco estão guardadas a sete chaves.
Há cartas que caem com palavras. Há castelos que não são mais que meras cartas.

Foto

quinta-feira, agosto 05, 2010

Luz

É impossível haver caminhos iluminados quando a referência é a tua sombra!

quarta-feira, abril 14, 2010

Legenda de um silêncio apalavrado

- Tu és o amor?
- Não. Sou o que a tua sombra conseguiu iluminar.
- És tu amor? És tu? És amor? És, não és?
Não és?

És sim, eu reconheço-te em cada ruga que o teu sorriso não consegue esconder…
Não me respondes?
Não me ouves?
És tu não és?
- Sabes… o silêncio existe para te escutar…
E escutar-te… é sentir a brisa deste imenso mar (que é só nosso) a sussurrar-me ao coração os sorrisos que encontro no teu olhar.
Foto

sexta-feira, março 26, 2010

Mundo


Tenho o mundo à curta distância de um passo…
Perco mão do espaço
Tudo que revejo é o reflexo da palma da mão que está de costas para mim.
Os momentos que ficaram para trás já não existem… são meros destroços que não conseguem ser pó.
A planta dos pés não mostra o caminho… segreda que cresceu e criou raízes.
Mas o mundo
persiste
existe
desiste.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Ponte


Há um tempo que começa, uma vez mais, com a primeira e última passagem das águas frias de Janeiro sob a ponte.
De braço dado às margens, que não sendo tuas fazem parte de ti, abraças o teu futuro na esperança que o momento fique para a posteridade. E segues, prossegues o teu caminho que parece estar traçado, mas que insistentemente continuas curvar lado a lado da linha recta que te conduz ao final mais que previsto. A curva pode ser cega mas não consegue esconder o chão que trazes nos teus olhos.
E há sempre quem te assiste… ao longe ou de perto, com maior ou menor curiosidade, delongas, há sempre quem te aviste. E de nada te vale vestir um novo traje de memórias se ele continua a ter o cheiro a antigo.
E este é o rio que passa sobre a ponte, mas visto daqui, ninguém acreditaria ser possível ver.