sábado, agosto 27, 2005

Um Presente…

Hoje resolvi-me a reavivar certas memorias… de tempos não muito distantes mas de saudades crescentes. Sim, as saudades não se alimentam exclusivamente do passado, por vezes sentimos saudades do presente… não sendo também de excluir esse mesmo sentimento para com o futuro… estamos tantas vezes tão distante de nós… do nosso passado, do nosso presente, viajamos tão longe e tão depressa, que é natural sentir saudades de algo vivido em realidades abstractas.
Percorri então caminhos passados, por mim muitas vezes calcorreados, fui revivendo o passado, recordando as minhas visitas habituais... sempre tão diferentes, sempre com novas descobertas. É engraçado como o chão que piso é o mesmo na sua forma, chego a pensar que, aqui, a erosão do tempo apenas renova e rejuvenesce o solo em que navego.
Estranhamente sinto uma enorme e estranha sensação de deriva… caminhos que conheço tão bem… mas sempre que neles minha alma percorre, parece que caminho à deriva por rumos conscientemente traçados… sinto-me guiado pelo leito da floresta… sinto-me como peixe na água… que não sabe propriamente nadar, mas que se sente mais que nunca em casa. Inúmeros pensamentos e emoções já eu deixei por aqui… quem sabe se não será por isso que tudo me parece estranhamente familiar… quem sabe se não é por isso que, aos meus olhos, a erosão não existe… conheço demasiadamente bem tudo aquilo que, as mutações existentes não são mais que meras névoas que o chão erradia, mas que o olhar consegue filtrar e desvanecer!
Faço uma pausa… deixo-me «atracar» num porto mais seguro… deixo-me permanecer aqui, mesmo debaixo desta árvore, fazendo dela o cais onde as amarras da alma se deixa repousar… sento-me primeiramente… e como uma folha que agora cai da arvore… deixo meu tronco fazer-se passar por essa folha… seguindo ate ao chão pintado de verde.
É assim que avisto o céu… verde… ponteado aqui e além com pequenos lagos azuis… Sabem, escutando com atenção… acho que este vento que por aqui passa… vem do mar… mas, afinal o vento não será tão imenso quanto o mar? Assim como uma onda… que percorre os oceanos e esmorece em várias e distantes costas… também o vento incorpora em si enormes distancias… assim como uma onda é uma massa gigante de água (água que já foi ar) … o vento não será mais que uma massa de ar (ar que já foi água) … que vai «varrendo» a alma de todos os seres. Deve ser por isso que, imensas vezes, quando sentimos o vento a acariciar as folhas das árvores, o som produzido se confunde… com o som do mar.
Estou aqui… longe de tudo e de todos… atento à dança das folhas ao sabor da melodia que o vento possui… sinto que se fechasse agora mesmo os olhos… e visse unicamente os sons, por certo o som do ranger da árvore, seria a visão de uma pobre embarcação em pleno oceano… mas… não… não, tudo o que agora mesmo a minha alma avista é este verde… sim, hoje não me apetece ver mais longe… hoje fico por aqui mesmo…
Já sentia saudades de ver o presente… de sentir apenas o agora, sem fazer disso uma ponte para a margem do passado ou do futuro… hoje, resolvi dar um presente a mim mesmo… esse presente era…o presente! Tirei o embrulho feito de folhas verdes… e de lá saiu, aquilo que os meus olhos vêem… quanto ao restante… ficaram apenas em mim… e em cada uma destas folhas!

quinta-feira, agosto 18, 2005

Entre Sol e Mar...

Porque será que o Sol tem imagem mais adorada, quando resolve-se a iluminar outras paragens?!! Porque será na despedida que Ele deixa-nos assim, cheios de vontade em manter a sua permanência?! Não deixa de parecer estranho que esse mesmo Sol, nos aqueça mais, precisamente no momento em que ele é menos quente… no momento em que parte…
Imensas vezes ficamos, parados no tempo assistindo o «afundar» do Sol no mar que nos inunda o olhar… ali estamos, inertes mas contemplando com todos os sentidos tudo o que tamanha visão nos transmite! Dá vontade mesmo de seguir pela estrada laranja que se desenha na ondulação do mar… mas, como em muitas circunstâncias, o melhor mesmo é não interferir, deixar desenrolar o rumo natural das coisas, aguardando pelo dia de amanha, para um novo e diferente momento, igualmente sentirmos!
É também assim que muito da nossa vida se vai desenrolando… por certo que existem momentos de fortes emoções e vibrações, há dias mesmo que para sempre iremos recordar, há por certos inúmeras gargalhadas que ficaram na retina dos nossos ouvidos… há imagens de forte emoção que vamos sempre rever na tela que reside na alma… há sempre palavras, ilusões, verdades, frustrações, alianças, afastamentos, abraços, sorrisos, olhares... há um infindável rol de vivências muito fortes, no entanto vamos também chegando à conclusão que no dia a dia, seja esse dia o mais movimentado ou o mais monótono de sempre, temos momentos e rotinas admiráveis.
Sei que não poderemos ser o Sol e tão pouco o Mar… mas, poderemos em grande parte ser aquele Pássaro que voa sobre as águas do Mar e lado a lado com o Sol. Podemos não ter a dimensão que o Sol e o Mar têm para todo o mundo, mas por certo que teremos a dimensão suficiente para que as asas que nos fazem voar (viver) consigam abarcar aquelas pessoas que existem no nosso mundo! Podemos não ter o alcance do Sol e do Mar… mas se calhar até nem será esse o nosso propósito… afinal de contas… dois mundos tão imensos e poderosos… que nem um no outro conseguem tocar… sonham que se encontram, que se tocam, que mergulham um no outro… que residem no mesmo fundo espaço universal, mas… na verdade… só nós… poderemos colocar em prática o sonho destes dois gigantes… só nós podemos e temos a capacidade de «tocar» no nosso próprio mundo e nas pessoas que nele habitam… só nós poderemos mesmo mergulhar nas memorias, vivência, alegrias, lágrimas, sorrisos do nosso mundo!
Afinal… no meio de tanto mar e sol… o ser maior porventura será… aquele que meio invisível vai vivendo. É tão fácil pensar pequeno… quando apenas o enorme conseguimos ver!
Eu… por cá continuarei… invisível em vários mundos… mas… com asas suficientes para abraçar os sonhos… que nas realidades de luz (sol) e de sal (mar) vão mergulhando!

segunda-feira, agosto 15, 2005

Nada...


Estava para aqui a pensar... e... nada!