quinta-feira, dezembro 01, 2005

Vai...


Vem...
Anda... por essa estrada a fora...
Vem descobrir os segredos que se escondem à luz do dia...
Anda... segue este teu rumo... fora de ti... sai... salta... sem medo...
Deixa... deixa-te descarrilhar... neste horizonte infinito...
Não... não desistas de descobrir o recife, a vida que se esconde no mar do teu coração...
Escuta... consegues escutar lá ao longe aquele mudo grito?
Vá... desperta... grita tu também e escuta o real eco da tua alma...
Vibra... sente a intensidade da maresia... fecha os olhos...
Vai... o vento te guiará... pode parecer que derivas, mas... vais no rumo certo...
Sim... eu sei... és muito pequeno aqui... sim... tudo é imenso comparado contigo...
Mas... será sempre o volume do que sentes que fará de ti enorme... será esse o teu alimento...
Não... não permitas que os medos se apoderem de ti... deixa-te, uma única vez que seja... desliga-te...
O caminho é ondulado... sim, ha obstaculos... mas segredos ha que só depois dessas ondas ultrapassadas vais descobrir...
Vá... vai... deixa-te ir... não queiras ser tu a tempestade... quando a calmaria é o que sentes...
Sabes... tu sabes... que a dificuldade não está no sentir... liberta-te... e por uma única vez... deixa a tua alma voar... mar adentro!

sexta-feira, novembro 04, 2005

Re(Pro)gresso...

Regressei! Durante uns tempos andei por aí… e este não foi um dos meus destinos… não estava longe, fui apenas até ali… ao infinito, e por lá me deixei ficar na sombra da minha própria sombra.
Progredi em torno deste regresso… vinculei-me à minha ausência e rumei… por caminhos travessos a este ponto de passagem. Na verdade, não sei bem se nesta encruzilhada de caminhos, alguma vez alguém se deixou atracar, mas por certo este também não será o porto mais seguro para o descanso do «marinheiro», aqui o tempo, é uma incerteza mais que certa. Num instante apenas, a calmaria que invade este espaço é absorvida pelas nuvens negras das tempestades… nunca em lado algum, tamanha calmaria provocou tanto desnorte.
Na minha sombra, a deriva é muito provavelmente alimentada pela (c)alma… é com ela que vou a espaços encontrando-me… derivando-me à deriva(da), chegou à primitiva razão… que não a matemática, mas à lógica emociona que os sentidos nos contradizem… e assim, (a)visto-me nos horizontes… uns dias primaveris, outros dias tempestuosos... mas, sempre em busca, lado a lado com ela própria, a minha sombra… que me persegue… a sombra que me foge… a sombra que em mim vai nascer… ate mesmo, as sombras que comigo vão morrer...
As imagens que nos vão invadindo o dia a dia interior, têm muito de estranho e cativante, conseguimos irradiar luz suficientemente forte e capaz… de nos cegar. Com um simples pestanejar… as cores rapidamente mudam… vêem-se facilmente as diferenças e as semelhanças… mas, muitas vezes, o segredo maior reside... na percepção do que na realidade, torna a diferença… diferente e a semelhança… semelhante!
Apesar de todos ser-mos muito diferentes uns dos outros… somos bem mais parecidos do que imaginamos! Mas…isso pouco importa, o que interessa mesmo é ter a alma suficientemente preenchida (mesmo com um imenso nada), para conseguirmos não só colorir as imagens… como também… cria-las.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Se(n)tembro…

Verde… e mais verde… e mais verde ainda… de várias tonalidades… texturas… tudo aqui parece verde… sendo precisamente aqui… neste imenso verde, que eu deixo muito das minhas ideias amadurecer!
Esta é a visão que meus olhos captam… sim está é a minha janela, é aqui que meu ser reside; estou do lado de cá… dentro destas quatro paredes, no meu imaginário… a realidade de mim faz parte do interior externo que me envolve.
Verde… imenso verde… sinto que se fechasse agora mesmo as janelas do meu olhar, a imagem continuaria a perdurar dentro de mim. Cada vez mais sei e sinto, que é impossível apagar de nós… aquilo que é intrínseco à nossa existência… aquilo que nos faz realmente sentir que temos alma.
E assim… por esse mesmo motivo, as recordações deste meu pequeno mundo quadrangular, são precisamente aquelas… que residem (em mim) fora de mim. Por certo estas paredes sabem muito a meu respeito, mas… não me sinto exclusivo deste mundo mais físico… estou sim, mesmo que por fora, dentro daquele mundo.
É Setembro… sente-se o mês aqui… este é o mundo que habita em mim neste preciso espaço de tempo! Apesar de todo aquele verde, que as ultimas chuvas ajudara a reavivar, a coloração dentro em breve não será mais a mesma… toda a luz que nos surge… reluz unicamente à sombra dos nossos olhos… interiormente é sentido desde já o sabor a despedida, cl(amada) pelo vento… a mudança vai chegando até nós… não «em pezinhos de lã» mas… lançando desde as nuvens… uns pós mágicos… capazes de alterar a cor de tudo… desde o céu… passando pelos rios… depositando-se em cada partícula verde, transformando assim a cor… a personalidade… as motivações de tudo e todos.
Mas… é Setembro… e a magia do Outono ainda vai demorar um pouco a surgir… até lá… faço do mundo verde… o arco-íris que une duas margens bem distantes… coloridas por tons cinzentos… seja do/a cinza do espaço físico onde a alma reside… seja até mesmo da/o cinza que essa mesma alma… levanta sob nós.
Jardim de flores coloridas, não transformes em cinza(s) as pétalas quem em mim desmaiam!

sábado, agosto 27, 2005

Um Presente…

Hoje resolvi-me a reavivar certas memorias… de tempos não muito distantes mas de saudades crescentes. Sim, as saudades não se alimentam exclusivamente do passado, por vezes sentimos saudades do presente… não sendo também de excluir esse mesmo sentimento para com o futuro… estamos tantas vezes tão distante de nós… do nosso passado, do nosso presente, viajamos tão longe e tão depressa, que é natural sentir saudades de algo vivido em realidades abstractas.
Percorri então caminhos passados, por mim muitas vezes calcorreados, fui revivendo o passado, recordando as minhas visitas habituais... sempre tão diferentes, sempre com novas descobertas. É engraçado como o chão que piso é o mesmo na sua forma, chego a pensar que, aqui, a erosão do tempo apenas renova e rejuvenesce o solo em que navego.
Estranhamente sinto uma enorme e estranha sensação de deriva… caminhos que conheço tão bem… mas sempre que neles minha alma percorre, parece que caminho à deriva por rumos conscientemente traçados… sinto-me guiado pelo leito da floresta… sinto-me como peixe na água… que não sabe propriamente nadar, mas que se sente mais que nunca em casa. Inúmeros pensamentos e emoções já eu deixei por aqui… quem sabe se não será por isso que tudo me parece estranhamente familiar… quem sabe se não é por isso que, aos meus olhos, a erosão não existe… conheço demasiadamente bem tudo aquilo que, as mutações existentes não são mais que meras névoas que o chão erradia, mas que o olhar consegue filtrar e desvanecer!
Faço uma pausa… deixo-me «atracar» num porto mais seguro… deixo-me permanecer aqui, mesmo debaixo desta árvore, fazendo dela o cais onde as amarras da alma se deixa repousar… sento-me primeiramente… e como uma folha que agora cai da arvore… deixo meu tronco fazer-se passar por essa folha… seguindo ate ao chão pintado de verde.
É assim que avisto o céu… verde… ponteado aqui e além com pequenos lagos azuis… Sabem, escutando com atenção… acho que este vento que por aqui passa… vem do mar… mas, afinal o vento não será tão imenso quanto o mar? Assim como uma onda… que percorre os oceanos e esmorece em várias e distantes costas… também o vento incorpora em si enormes distancias… assim como uma onda é uma massa gigante de água (água que já foi ar) … o vento não será mais que uma massa de ar (ar que já foi água) … que vai «varrendo» a alma de todos os seres. Deve ser por isso que, imensas vezes, quando sentimos o vento a acariciar as folhas das árvores, o som produzido se confunde… com o som do mar.
Estou aqui… longe de tudo e de todos… atento à dança das folhas ao sabor da melodia que o vento possui… sinto que se fechasse agora mesmo os olhos… e visse unicamente os sons, por certo o som do ranger da árvore, seria a visão de uma pobre embarcação em pleno oceano… mas… não… não, tudo o que agora mesmo a minha alma avista é este verde… sim, hoje não me apetece ver mais longe… hoje fico por aqui mesmo…
Já sentia saudades de ver o presente… de sentir apenas o agora, sem fazer disso uma ponte para a margem do passado ou do futuro… hoje, resolvi dar um presente a mim mesmo… esse presente era…o presente! Tirei o embrulho feito de folhas verdes… e de lá saiu, aquilo que os meus olhos vêem… quanto ao restante… ficaram apenas em mim… e em cada uma destas folhas!

quinta-feira, agosto 18, 2005

Entre Sol e Mar...

Porque será que o Sol tem imagem mais adorada, quando resolve-se a iluminar outras paragens?!! Porque será na despedida que Ele deixa-nos assim, cheios de vontade em manter a sua permanência?! Não deixa de parecer estranho que esse mesmo Sol, nos aqueça mais, precisamente no momento em que ele é menos quente… no momento em que parte…
Imensas vezes ficamos, parados no tempo assistindo o «afundar» do Sol no mar que nos inunda o olhar… ali estamos, inertes mas contemplando com todos os sentidos tudo o que tamanha visão nos transmite! Dá vontade mesmo de seguir pela estrada laranja que se desenha na ondulação do mar… mas, como em muitas circunstâncias, o melhor mesmo é não interferir, deixar desenrolar o rumo natural das coisas, aguardando pelo dia de amanha, para um novo e diferente momento, igualmente sentirmos!
É também assim que muito da nossa vida se vai desenrolando… por certo que existem momentos de fortes emoções e vibrações, há dias mesmo que para sempre iremos recordar, há por certos inúmeras gargalhadas que ficaram na retina dos nossos ouvidos… há imagens de forte emoção que vamos sempre rever na tela que reside na alma… há sempre palavras, ilusões, verdades, frustrações, alianças, afastamentos, abraços, sorrisos, olhares... há um infindável rol de vivências muito fortes, no entanto vamos também chegando à conclusão que no dia a dia, seja esse dia o mais movimentado ou o mais monótono de sempre, temos momentos e rotinas admiráveis.
Sei que não poderemos ser o Sol e tão pouco o Mar… mas, poderemos em grande parte ser aquele Pássaro que voa sobre as águas do Mar e lado a lado com o Sol. Podemos não ter a dimensão que o Sol e o Mar têm para todo o mundo, mas por certo que teremos a dimensão suficiente para que as asas que nos fazem voar (viver) consigam abarcar aquelas pessoas que existem no nosso mundo! Podemos não ter o alcance do Sol e do Mar… mas se calhar até nem será esse o nosso propósito… afinal de contas… dois mundos tão imensos e poderosos… que nem um no outro conseguem tocar… sonham que se encontram, que se tocam, que mergulham um no outro… que residem no mesmo fundo espaço universal, mas… na verdade… só nós… poderemos colocar em prática o sonho destes dois gigantes… só nós podemos e temos a capacidade de «tocar» no nosso próprio mundo e nas pessoas que nele habitam… só nós poderemos mesmo mergulhar nas memorias, vivência, alegrias, lágrimas, sorrisos do nosso mundo!
Afinal… no meio de tanto mar e sol… o ser maior porventura será… aquele que meio invisível vai vivendo. É tão fácil pensar pequeno… quando apenas o enorme conseguimos ver!
Eu… por cá continuarei… invisível em vários mundos… mas… com asas suficientes para abraçar os sonhos… que nas realidades de luz (sol) e de sal (mar) vão mergulhando!

segunda-feira, agosto 15, 2005

Nada...


Estava para aqui a pensar... e... nada!

sábado, julho 30, 2005

Procuro-me...



Procuro-me!

Procuro-me pelas florestas,
Mas lá não me encontrei
Busco-me nas finas arestas
Das lágrimas que derramei…

Procuro-me pelos mares…
Onda a onda… me aguardo,
Voando como gaivota pelos ares
À deriva em rumo salgado.

Procuro-me no som dos breves olhares…
Acerco-me da lua com distantes aromas…
Não, aqui estás… sem estares
Sim, «estás aqui» … mas entre comas.

Procuro-me… procurando-me…
Achando, que me acho
Acho que vou encontrando-me…
Em locais perdidos onde me encaixo!

Vou-me… e aqui me fico
Pertenço a este Eu, que não eu
Fico-me… e daqui me dissipo,
Para outro mundo, que não será este o meu.

Procuro-me e não me acho…
Onde estou eu?!

quinta-feira, julho 21, 2005

É Fogo, é fogo…

Em cinco sentido podemos resumir esta estranha calamidade que ano após ano, lá prossegue a sua ritual busca pelo negro!
Vislumbro… ao longe, vagas de fogo erguendo-se até ao cimo das montanha, fazendo do arvoredo uma mera escadaria de acesso ao topo de tudo que é montanha, e não cedendo, continua o forte caudal de fogo ritmado com a música que o vento em si transporta. Vemos, continuamos a ver, com um misto de incapacidade e indiferença, emaranhado pelo aperto que nos envolve o coração, vemos e continuamos a seguir o rumo deste rio de fogo.
Escuto… os estalidos suaves do fogo a devorar, com prazer, a mais pequena das faúlhas… escutamos também, a som voraz do fogo que inunda e engole de uma só vez fauna e flora… escutamos o velho passo de dança, umas vezes calmo, outras vezes mais revolto, mas... lá prossegue, o seu fado, com cores de paixão, fazendo um tango assassino com o seu par de destino... o vento. Pelo meio… há ainda o burburinho, as sirenes dos soldados da paz… dão voz ao grito de guerra para mais uma batalha… e as gentes, as gentes, materializado pelas vozes agudas femininas, fazem transparecer com gritos, gemidos e desmaios de silêncios a expressão de medo que lhes inunda a alma!
Cheiro… cheiro o calor… é possível mesmo sentir o aroma de prazer que o fogo tem… é possível rever imagens, com o simples cheiro da névoa de fumo que vai invadindo as fronteiras inatingíveis do fogo…mas também aqui ele é um vencedor, também nos locais mais distantes do epicentro, o fogo faz-se notar, pode estar muito longe de nós, mas o aroma que existe no ar, faz-nos perceber que ele, ele está bem próximo de nós, entrado em nós, camuflado no oxigénio que respiramos e livremente, circular em nós!
Estas a ver este aroma? Pois bem, cheira a olhos verdes que outrora foram tocados pelos ecos de azuis oceânicos.
Toco… e toco mesmo partes de fogo… é quente, sem que fisicamente lhe toquemos, diz-nos ao ouvido o tacto, que… aqui há fogo! Será talvez por isso que a forma do fogo, é ainda para nós algo moldável, incontrolável e indefinida… não podemos tocar-lhe… não podemos criar uma única imagem, é sempre mutável… todavia, sem que haja de facto toque… sentimos na pele a sua mensagem.
Sabor… a que saberá o fogo… qual o seu paladar… provavelmente seja de sabor a cinza… existe o travo amargo ao ver um cenário deste, existe sempre um paladar nauseado pela devassidão causada. Todavia, não será de estranhar se existir também, o doce sabor da liberdade… o doce sabor a gratidão por alguém, num determinado local e momento, criar ali mesmo uma nova família… um fogo, que se vai ramificando, uma nova arvore genealógica que busca a sucessão… uma arvore de fogo que se alimenta de outras arvores… qual canibalismos entre tribos…
Não deixa de ser curioso saber que, foi este mesmo fogo, que fez de nós – Humanos – aquilo que em grande parte hoje somos!
É fogo… é fogo… é fumo e mais fumo… ali, na floresta, as lágrimas não chegam sequer ao solo… o calor logo as transforma em gás… em nuvem de fumo… em lágrimas que lavam a própria cinza do crematório florestal. Porque não, sentir com todos os sentidos… o vale de lágrimas que inundam os nossos céus… certamente que, algo em nós vai provocar. Eu não esqueço que, há dias, passava todos os dias por uma estrada com companhias deliciosas, tinha como cenário todos os sons e sorrisos que uma floresta me poderia dar… hoje, apenas numa margem persiste o verde…a floresta! Assim como para um rio ambas as margens são fundamentais, na floresta acontece o mesmo… aquela rua que pelo meio dela passava… fazia com que as duas margem fossem o início e o fim de um só sorriso… ora, uma vez aniquilado o princípio, deixa por si só de haver fim… e se o fim, também ele desaparecer, deixa de fazer sentido… o princípio do fim continuar a viver! (Inicio - Os sorrisos não existem pela metade - Fim)

quinta-feira, julho 07, 2005

Ruas Com Sentidos…


Cidade…correria… pessoas seguindo seu rumo, procurando algum destino que nem elas próprias têm presente… seguem rumos e roteiros por ruas conhecidas e mais que revisitadas… onde um curioso pormenor de uma varanda nos passa despercebido, o sempre um painel de azulejos que ficou invisível à nossa passagem, há sempre uma pomba citadina buscando o seu alimento diário a intrometer-se nas vias rápidas dos arruamentos pedonais… há sempre um papel, um plástico que ao sabor do vento baila e nos contorna, como tentando acordar do nosso sono acordado… mas não, prosseguimos nossa direcção, imparáveis... adormecidos no ambiente… respirando os fumos negros sem que uma haja uma qualquer desobediência corporal…e caminhamos… e caminhamos... uns cabisbaixo de olhar preso no chão… talvez não querendo olhar de frente aquele mesmo cenário diário… procurando no chão, não a fuga dos sentimentos mais… uma almofada de paixão… talvez seja nesse mesmo granito… que o grito humano seja verdadeiramente escutado… outros há que prosseguem de olhar levantado… olhando em frente e respondendo aos caprichos hormonais… mudando de trajectória visual apenas quando uma corrente mais forte nos passa e nos cativa… prendendo até ao limite máximo dos olhos… ate onde o pescoço possa suportar…ate onde o social possa não condenar…
Embora posturas diferentes… algo comum circula… os pensamentos perdidos… que vão atracando nos mais diversos chamamentos… prosseguem independentes da nossa vida mais real… os momentos de pausa entre obrigações e responsabilidades… são vividos de forma independentes… alias, deve ser por isso…quando duas pessoas têm a mesma rota… esboçam quase sempre um sorriso, é quase impossível controlar e evitar… imensas vezes sentimos que alguém esta em rota de colisão com o nosso trajecto… e então, um passo mais para a direita, um passo mais para a esquerda…uma ligeira pausa ou redução do passo… subtilmente tentamos que o encontro não aconteça… mas, quantas vezes é inevitável…quantas vezes há aquele desviar para o mesmo local…como que fugindo de encontro um ao outro… e ai…ai sim... há aquele sorriso… o pedido de desculpas envergonhado… mas logo o sorriso se esquiva e retomamos novamente nosso rumo e nosso semblante! Mas… porquê? Porque nossos rumos vão de encontro com estranhos… será que os pensamentos…a nossa outra personalidade que caminha ao nosso lado, foi mais forte e nos levou de encontro a alguém cujos pensamentos coincidiam… não será esse mesmo sorriso uma forma tribal inter-pensamento para se saudar… não será o sorriso… um suspiro… uma única forma de contacto entre pensamentos… pensamentos que nunca se encontram… mas que apenas se avistam à luz do sorriso…
Enfim… muitas duvidas… algumas fantasias… fundamentadas pela realidade dos sonhos de cada um… mas… o que realmente passa nos corredores de corpos humanos nas nossas cidades… isso… acho que muito dificilmente se compreenderá!
Estão a ver a rua? Está… repleta de … sentidos e emoções… as pessoas essas… não as vejo… estão ausentes… vejo-as à minha frente…ausentes!
Tudo isto aconteceu porque… tive uma espera não prevista… a loja do centro da cidade abria apenas as 14:30 e não as 14:00 como erradamente pensei… e por isso divaguei!
E uma vez mais, surge na minha mente, um dos meus conceitos mais misteriosos… tempo atempadamente incerto, que nos desvias (guias) pelos errados caminhos do correcto!

terça-feira, junho 21, 2005

Sobre o Azul, D(e)ivagar...

Estou Cansado...
Ainda tenho uma hora de trabalho pela frente e sinto-me mentalmente cansado, sente-se mesmo na pele que, por mais vontade que tenha de pensar, a cabeça apenas sente um enorme vazio!
Tento abstrair-me de tudo... o radio já nem o escuto... apenas o ruído do ar condicionado faz-me companhia, não sei bem porquê; talvez seja uma forma de me transportar para outros ambientes... imaginando-me então num outro mundo.
O ruído anterior...passou agora a som... um som harmonioso... fui transportado para o interior de uma floresta imensa... escuta-se apenas o som das conversas entre as arvores.. não se percebe bem o q falam elas, mas deve ser mais um daqueles momentos em que estamos rodeados por pessoas e assuntos...e aos poucos vamos ficando cada vez mais distantes de tudo e todos... ficando as palavras.... como meros murmúrios imperceptíveis. É provável que esteja nesse estado... longe deste ambiente diário... e por dentro de um novo cenário... mas dentro dele, também não me sinto presente, muito pelo contrario... há uma misto de realidade e imaginário que me afasta e me aproxima de nada... estando envolvido pelo tudo... mas de significados nulos!
Um chamamento de uma colega de trabalho desperta-me agora sim para a realidade, foi mais um daqueles momentos de conversa tipicamente laboral ... as vezes até estranho mesmo, onde vou eu buscar estes conhecimentos?! Não deixa de ser curioso como.... mesmo sem querer, mesmo sem muito esforço fazer... os conhecimentos estão presentes em nós... vindo de um local que o nós próprios desconhecemos! Mas, também não quero lá muito saber... admito que sempre fui um pouco preguiçoso para com as lides mais ligadas ao trabalho... apenas o sentido de responsabilidade parece-me ser o causador destas sensações.
Aparte disto... lá me remeti um pouco mais aos estranhos pensamentos anteriores... acho q no entretanto, perdi-me... já não sei bem onde estou... hummm... olho fixamente para o nada... aquele típico olhar de parvo... que buscamos algo q não sabemos e num local que desconhecemos.... mas... azul... sim, o chão aqui é azul... não se trata sequer de uma porcelana, mas sim uma alcatifa em flopex (nem sei bem o q isto quer dizer...mas, também não deve interessar a ninguém!). Retive-me então no «Azul»... e...deixei-me levar... fui novamente parar à imagem anterior... lá estava eu novamente, em volta da conversa das arvores... aquilo que para nós não é mais que o normal som do movimento das folhas e ramos das arvores provocado pelo vento... ali, naquele instante, parecia-me sim, um dialogo... umas vezes calmo, outras vezes mais turbulento, mas um dialogo entre elas... Que será que comentavam elas? Será que deram pela minha presença? Foi despindo-me de sensações e vestindo-me de folhas ...sim, também desejava ser uma arvore, também eu desejei saber o que elas falavam, também eu respondi ao capricho da curiosidade, mas... quem uma vez que fosse, não desejou ser uma arvore... por muito ou pouco tempo...mas, o suficiente para ver e sentir pelo seu prisma.
E ali estava eu... ao alto...sentindo a caricia do vento... hummmm... como não podem elas falar... o vento transporta imensos ecos...vozes distantes... os humanos enviam mensagens escritas dentro de garrafas para o mar... as arvores, porventura... enviam os seus ecos ao sabor das dos ventos... Todavia, naquele momento não senti que aquilo que discutiam era algo distante, sentia-se na raiz que era algo bem mais importante... a seiva que pelo interior corre... vai numa velocidade alterada... o vento até esta calmo, daí as mensagens recebidas de outras latitudes não serão alvo de conversas... contrariamente ao habitual, desta vez vinha do interior da terra o estado alterado da conversa... não teria sido nenhum arrufo entre placas tectónicas... a terra não estremecera! Que seria então... mesmo eu entrando na casca (pele) de uma arvore, nem mesmo assim eu conseguia descortinar o que realmente se passava...ate que... se fez luz... sim, literalmente luz! Na verdade aquilo que para nós é sombra...provocada pelo pela luz solar e lunar... na realidade é uma luz própria... uma nova fonte de alimentação ao ser humano... por certo mais que uma vez já nos retivemos debaixo de sua sombra... pois... será que essa sombra não será sim a luz própria de uma arvore? Será que o encantamento dessa luz, não reside na sua temperatura e capacidade de abrigo? Será que a sombra... provocada por uma outra luz, não é sim... uma luz própria... única... e, ate ver, incompreendida?!
À medida que a seiva percorria cada centímetros de minha amplitude, ia-me cada vez mais incorporando a sua personalidade... dando assim, azo as minhas interpretações...Sim... a sombra... é também uma luz... sim! Pode parecer algo contraditório, mas no essencial se luz é vida... é temperatura... e novos horizontes... porque motivo, não poderia ser também considerado como luz... aquela sombra... que tantos nós... tantas vezes... procuramos, buscamos, habitamos e nos encontramos?!
Se é imaginação minha ou não... não sei... mas, ate encontro fundamentos minimamente lógicos... mas, se é para dar largas à imaginação... sé é para levar avante os nossos sonhos...as nossas realidade, então... porque não fazer do chão de uma floresta, um azul imenso... porque não imaginar que a clorofila da erva é azul e não verde... uma imensidão de folhas que caem no azul do oceano, ou então que permanecem em queda livre pelo azul do céu... em busca do locar ideal para aportar... e melhor ainda... nesse azul imenso... poderíamos pelo oceano caminhar... pelos céus nadar... e pelo chão... flutuar!!
Era bom que assim fosse... mas, bom por si já foi este meu olhar sobre... o chão azul do meu local de trabalho... agora... há que regressar à realidade... até qualquer dia...

quinta-feira, junho 16, 2005

[...]


Sopro…
Sopro de vento cansado
Em minha alma reserva descanso
Não fica muito, logo segue desalmado
Sonhando com melhor recanto.
Alma…
Alma pelo vento copulada
Nas alquimias das poeiras
Faz de mim página voltada
Na historia de minhas teias.
História…
Historia pelo vento contagiado
Em nuvens sísmicas que ruge
Caminho semeando rumo embriagado
Na esperança de colher o grito que urge
Grito…
Grito pelo vento arrasador
Tu que estas longe, vem a mim
Desagua em sorriso de plena dor
E limpa de vez este trilho sem fim.
Trilho…
Trilho construído em passos de vento
Com contornos de árvores solitárias
Juntos, fazem de uma breve noite de relento
Forte sorriso de emoções imaginarias.
Emoção…
Emoção de ventos passados
Fazem de seus sábios percursos
Viva voz nos lábios marcados
No destino que urge de recursos.
Vento passado,
Embrulhado no presente
Filtra o puro ar, transpirado
Nas gotas da sede ausente.
Vento presente,
Com invisível parecença
Apenas nossa sombra ausente
Confisca o paladar de tua crença
Vento Futuro,
Com olhares de rezas anunciadas
Encaminhas o tempo para escuro
Final ansiado, das lágrimas veladas.

quarta-feira, junho 01, 2005

Ventos e Mar…


Um destes dias, estava eu de regresso a casa, escutando naquele momento a TSF, por breves segundos num daqueles «medleys» publicitário à musica portuguesa que naquela estação vai (muito e bem) passando, eis que surge uma musica que já não escutava à muito tempo.
Cantava Jorge Palma, «enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar, enquanto houver ventos e mar, a gente não vai parar…»
Uma simples frase, uma simples melodia para que no regresso casa, não mais desvia-se o pensamento daquelas palavras. E lá continuava eu a andar, a estrada lá se mantinha, era mais uma velha conhecida, sabia perfeitamente a rota ideal para não danificar a viatura, todavia, todos os dias, havia motivos para comprovar a não aprendizagem, aquela que supostamente o ser humano vai adquirindo com a vivência.
Apesar de tudo… enquanto houver estrada, eu vou continuar… seguindo meu caminho, sendo ele mais ou menos objectivo, mais ou menos pretendido, seja o do desejo ou do sacrifício… eu vou continuar, tenho que continuar. Pergunto-me então porquê?! Porque a estrada existe, e nela teremos que continuar, mas isso não é suficiente para nós humanos, continuamos porque, acima de tudo, há ventos e mar que persistem com a sua sedução cativar o interesse dos nossos olhares, dos nossos aromas, de todos os sentidos! Talvez seja isso que leva a não pararmos!
Mas que estranha esta contradição, que nos leva a não parar quando estamos menos conscientes da realidade… sim… porque o mar é assim mesmo, avistamos o horizonte, como que querendo abarcar tudo aquilo que a imensidão oceânica esconde… porque mesmo que o vento seja forte, forte o suficiente para nos obrigar a fechar os olhos, não será essa escuridão visual que nos fará parar… É nessa estranha sensação que reside a força da nossa existência, sentindo que no meio de tanto desconhecido, existe algo nosso, algo que só a mim diz respeito…
E assim eu penso…e assim eu sinto… pelo imenso mar adentro parto… sentido os ventos de todas as direcções… num horizonte interminável… de olhos fechados, vejo que o meu sentido, não é norte, não é sul, não é qualquer ponto cardinal… é apenas a liberdade de se sentir à deriva… e será essa liberdade, de mim próprio, que me vai ajudar que «ali» … está o meu Eu!
Enquanto houver ventos e mar… eu não vou parar, mesmo que para isso… em ventos eu vá mergulhar!

terça-feira, maio 31, 2005

Noite Atribulada de Beleza...

Esta noite foi-me deveras proveitosa, atribulada mas muito proveitosa! Deitado à hora habitual, já passava uns minutos depois das 2 da manhã, depois de assistir a uma série do canal Um, onde a personagem principal é uma funcionaria de uma morgue que tem o dom de ajudar as pessoas que acabam de morrer (aconselho a ver... não se assustem... é bastante agradável!) lá fui adormecendo a custo... o misto de noite e calor deixa-me sempre com poucas forças para adormecer. Sem dar conta... adormeci (acho que adormecemos todos assim... sem dar-mos conta), mas ainda não estando num sono profundo, o ruído exterior alertou-me, pois, são as vantagens de quem dorme com a persiana entreaberta... escutamos sempre o que a noite esconde do dia, e nesta noite... o latido dos cães vizinhos e do nosso Oscar .. com o seu latido característico de que algo ou alguém está por perto, alertou-me e me despertou.
Sem muito custo, levantei-me... fui até à janela da cozinha (q fica nas traseiras da casa... como o meu quarto...para as interessadas :o) ), avistei para baixo, parecia tudo calmo... todavia, sentia-se que algo não estava bem, resolvi então ir ate à varanda exterior... uns pouco gatos (uns vadios...outros clandestinos) estavam também eles a produzir um som característico (pensando eu que fosse próprio da época onde as lutas entre apetites convergentes levam à uma «guerra» pela «posse» da saciadora de tais apetites). Eis que então resolve sair da erva alta do campo... uma Raposa... é verdade, uma raposa! Senti então aquele perturbação típica do humano... proteger o ser território, afastar aquela que seria a ameaça para coelhos e galinhas... não fiz mais que uma serie de movimentos e ruído para a afugentar... aos poucos, lá foi a Raposa, saltando por entre a erva... em direcção ao monte... seu habitat e meu cenário de predilecção. Por certo não seria a primeira vez que ela (ou ele) estivesse por aqui (assim como das outras vezes, não havia impressões digitais visiveis..será q usa luvas?! : ) )... por certo não será a ultima vez que nos vai visitar...
Retive-me ainda um pouco mais na varanda... uns bons 15 a 20 minutos, segundo dizem os antigos, é normal ela regressar... no mesmo dia, mas não mais tive indícios de sua presença. Aquando dessa espera... senti verdadeiramente a noite, fui pensando no que levaria a Raposa andar por ali, fui imaginando as dificuldades das possíveis crias e no final... só desejava mesmo que ela encontrasse alimento quanto antes. Ali, no silêncio da noite... apenas se escutava o sorrisos... das folhas das árvores quando acarinhadas pela brisa da noite, sorriso que algumas vezes era substituído por gargalhadas mais extrovertidas quando a brisa resolvia acelerar o passo em direcção... ao seu destino (Já agora... qual será o destino do vento?!).
Entretanto... fiz um leve vislumbre pelo que me rodeava, procurando movimentos estranhos... buscando novas noites na noite que eu já conhecia... num desses relances que a visão me proporcionou, avistei...lá bem mais longe o famoso monte das caldas, tinha no seu topo uma luminosidade estranha... fiquei atento, não fosse um incêndio, mas a claridade, não tinha tons avermelhados, mas antes ... um tom lunar... és mais um segredo da noite que avistei... a lua... enorme... mesmo estando só pela metade, surgiu como saída do interior da terra, numa mistura de imponência e fragilidade. A ligeira névoa que persistia no ar... adensava e propagava o luar, seria uma imagem de fragilidade talvez por isso... porque parecia-me uma daquelas pinturas a lápis de cera que as crianças resolvem fazer. E ali fiquei eu... esperando que a totalidade da lua ficasse visível... escutando ao mesmo tempo as conversas entre a brisa e as arvores (que contam uma à outras?!)... olhando a erva alta, que no final, nem parecia tão alta quanto isso... e ali fiquei... um pouco mais....
Pouco depois, regressei ao meu quarto... tudo estava mais calmo... parecia mesmo que só o relógio, apesar de continuar na sua busca interminável de buscar o segundo seguinte, curiosamente, naquela noite, parecia que apenas o relógio... tinha parado no tempo!

quarta-feira, maio 25, 2005


Ai a Luaaa... a Luaaaa!

segunda-feira, maio 23, 2005

Fazia Tempo...

… Que não deixava nenhum pedaço de mim neste cantinho! Torna-se estranho sentir que existe algo muito nosso mas que está vazio de nós. Por certo isto sentimos milhares de vezes, sentir aquela ausência de nós próprios, sentir que estamos longe de tudo e todos, sentir que nem em nós residimos.
Onze dias depois, resolvi-me a preencher uma parte de mim, pelo menos este pedacinho estará por mais algum tempo confortado pela minha existência em mim próprio. Todavia nem sei o quanto isso terá de reconfortante, as vezes até acho que vale a pena sairmos de nós mesmo, vagueando junto dos pensamentos alheios que vento vai transportando ate ao infinito, esperando que lá seja devidamente traduzido o impacto de cada sentimento pensado! Sim, deve ser agradável, permanecer junto de tudo que vagueia, podendo até nem ser de relativa importância tudo isso, mas por certo a liberdade será bem maior…
Ai a liberdade… a liberdade… pode até parecer estranho tudo o que vou dizer seguidamente, mas será apenas uma visão. Nos tempos em que vamos vivendo temos a tendência de culpabilizar a sociedade de tudo, parece ser um monstro que nos envolve e que não nos dá a liberdade suficiente para seguirmos com as nossas vontades. No entanto, existe em mim uma outra visão, liberdade maior será aquela que a nós mais directamente nos diz respeito… a liberdade de nós próprios, sentir que estamos livres dos nossos medos, dos nossos estigmas, das nossas frustrações, das nossas auto exigências… não seria então má ideia que pudéssemos simplesmente... sair de nós…e vaguear, preenchendo o nosso vazio, seja com um sorriso, seja com uma lágrima, mas sentindo que aquele espaço anterior… era tudo menos, nosso!
Seria bom que assim pudesse acontecer, e por momentos até será algo utopicamente alcançável, mas… existe em nós a capacidade de memorizar, assimilar, aprender e adaptar as nossas vivências aquilo que somos e que queremos ser.
Existe sempre um passado, um presente e um futuro, e essas três bases interiores serão sempre as responsáveis, em grande parte, por aquilo que somos… quem sabe se um dia não somos mais livres dessas bases, mais autónomos das nossas vivências, quem sabe?!
Quem sabe?!! O que sei… bem, sei que vamos vivendo então com essas três bases… e sei que o passado, será sempre uma sombra que no presente, busca uma luz futura! (Que luz será essa?!)

quinta-feira, maio 12, 2005

Uma Essência...

A Essência de uma vida... Uma vida de Essências...
Será que não temos varias essências para uma só vida, ou então pergunto-me, se não teremos dentro de nós, mais que uma vida numa só essência. Em muito se resume a nossa essência e a nossa vida, na constante busca por nós mesmos, tendo como reflexo a busca de uma segunda, terceira, quarta, quinta, sexta pessoa, sejam familiares, amigos, sejam estranhos, sejam eles paixões, amores... porque em muito se resume nisso, nessa busca que é constante, que nos faz pensar muitas vezes que temos uma só vida, mas que também nos faz pressentir que detemos varias vontades (por vezes contraditórias) … diversos sonhos (por vezes impossíveis) que não parecem caber dentro da vida que levamos, mas na verdade, inconscientemente sempre pretendemos atingir, nem que seja por um segundo... sim, um segundo! Porque esse segundo, poderá ser, uma vida mais pela qual passamos, pela qual aportamos, pela qual retemos informação e pela qual, nos dá vontade e forças para querer sonhar e realizar, e estar… e viver… seja a vida que for… mas viver num sonho de realidades.
A essência... o conteúdo, de cada uma dessa vidas, não é mais, que a busca do desejo de viver, o mais possível! Fazer de uma vida só... mil e uma vivências!
Muito se poderia dizer, mas… mesmo assim, muito ficaria sempre longe do alcance das palavras… sempre longe de tudo e todos, mas ao mesmo tempo, sempre mais perto do que imaginamos. Estejamos todos atentos a tudo, nem imaginamos a quantidade de coisas, de vidas e de essências, que diariamente, minuto a minuto, segundo a segundo… vamos perdendo! Mas o tempo, esse renova-se, bem mais facilmente que as pessoas, e lá vamos nós prosseguindo... neste dia a dia... sem saber em que vida vivemos… sem saber tão pouco… qual a nossa essência!
(Seria tão bom conhecer o real e verdadeiro aroma da essência nossa... minha... tua!)

terça-feira, maio 10, 2005

Um Dia...

Um dia, em uma certa noite que tarde ou nunca nos deixou entardecer, acompanhando a sensação de liberdade que uma brisa amena, saudosa de primavera, vai percorrendo em este meu rosto estático, querendo deste modo reviver o entardecer já perdido…
Um dia… entre outros mais. Mais um dia em que o sol se foi sem mandar noticias. Procuro-as ainda por entre as árvores e os cânticos dos pássaros, tentando escutar a viva voz em forma de ecos, a suave melodia causada pelo leve e infernal deitar do sol sobre o mar…
Mas não, não... hoje não será dia para tais sensações, e a saudade de escutar o fervilhar do enorme oceano, quando o pequeno sol mergulha no azul distante, mantém-se ao longe! Curioso não deixa também de ser, que na verdade, sol e mar nunca se cruzam, nunca se mergulham, tão distantes eles estão um do outro e mesmo assim, tão interligados vivem… todos os dias… num certo dia… num dia incerto…
E aqui estou eu, voltado da janela do meu quarto, supostamente para o ponto de encontro visualizado, sinto que tudo isso se passa logo ali no dobrar da primeira montanha, mas… por certo estarei enganado, por certo… não estarei assim tão perto, assim como o sol e o mar… que se cruzam, mas que não se tocam, que se envolvem, mas não se conhecem.
Um dia… hoje… um amanha… ontem… eu… o sol… o mar… nada de comum, mas não será o sol mais brilhante porque é reflectido pelo mar? Quem nos impede de pensar que o sabor salgado do mar não se deve aos raios de luz solar, que mais não são que… lágrimas de sangue avermelhado… e eu…eu, no meio de tudo isto, que faço?! Uma nuvem clama a sua atenção, invadindo os meus pensamento… e assim persiste… Porque será que aquela nuvem persiste acompanhar estes meus pensamentos? Será essa mesma nuvem o meu reflexo… bem lá no cimo, do alto dos céus, vendo de um ponto privilegiado, o sol… o mar…
Mas, e eu?! Onde estou eu?!
Pois eu… estou aqui, na janela do meu quarto... em mais um dia… sentindo a brisa amena… estou aqui, longe de tudo o que me rodeia, mas estou aqui… mesmo que o «aqui» esteja tão distante como… o Sol e o Mar!

quinta-feira, maio 05, 2005

05-05-05 - 05:05:05

Estávamos nós no segundo milénio, no seu ano cinco, no mês cinco, no diz cinco, numa quinta-feira, pelas cinco horas cinco minutos e cinco segundos… Será que esta momento terá em si algo especial? Será que neste preciso momento não se despertaram cinco novas vidas, será que ao mesmo tempo, não se eclipsaram outras tantas cinco vidas?!
Levou-me a pensar esta circunstância temporal, tempo que foi estabelecido pelo homem, e este mesmo homem vai tentar explicar esta coincidência que se verifica unicamente uma vez em cada mil anos, procura explicações exteriores, olha para os céus… procurando uma explicação… pensam mais que nunca nos pormenores como fonte de explicação destes grandes mistérios. Procuramos uma resposta a algo que nem questionar sabermos… questionar o tempo? Pois, não dá... nem que todos os relógios do mundo resolvam entrar em tempo de greve, nem assim, o tempo para… é por isso mesmo que esta coincidência… este momento e este pensamento se resume, unicamente… a um segundo! Não se encontra resposta, e a pergunta, um segundo será curto em demasia para, sequer, nela pensar.
Entre o segundo quatro e o segundo seis, existe o cinco… nunca este segundo foi tão repensado como hoje e agora… nunca a imaginação pensou tanto neste segundo, nunca a imaginação… fez tanto por tão pouco tempo!
E amanha… já é sexta-feira… dia seis, para a próxima sexta feira, será dia treze e outras sensações, na pele, na mente, nos rituais humanos vão levantar a voz…
Na realidade, que força teve este momento em nós?! Por certo que teve a mesma força que todos os outros momentos temporais têm! Mas, porquê toda esta estranheza? Porque nos faz pensar tanto algo que desde logo, nos enclausura e bloqueia em dois simples números?!
Estranhamos tanto as coincidências e nem pensamos sequer que o mero acaso, é muitas vezes fruto pré estabelecido pelas próprias regras humanas… (Estranho!)

terça-feira, maio 03, 2005

Cinco Minutos...

(22:09)

Em cinco minutos que seria possível fazer, o que diríamos nós nesse espaço. Em cinco minutos apenas, será que somos capazes de renascer de nós próprios e um novo rumo tomar?!! Neste período temporal, enclausurados entre duas paredes de tempo, como tantas vezes nos sentimos, existe um espaço livre. É nesse espaço que reside a chave de tudo que em nós, mais força terá para sobreviver.
A questão não está nos cinco minutos, a revelação não estará por certo na velha e recorrente desculpa do Tempo… o tempo esse, flúi numa constante batida, ficando o ritmo dessa mesma batida, dependente de variações, improvisos e leituras desta pauta que é a vida…
Em cinco minutos apenas…. Podemos rever muitos outros minutos, fazendo deste breve momento uma vida… e da vida, mil e um momentos a recordar e revisitar.
Tempo atempadamente incerto… que nos desvia pelos errados caminhos do correcto…
E o tempo … acabou!

(22:14)

sexta-feira, abril 29, 2005

Vo(s)zes...

Vozes!!! Vozes de dia, vozes de noite... vozes à luz dos nosso olhos, vozes no escuro da sombra dos olhos adormecidos, vozes e mais vozes. Pergunto eu, qual a nossa verdadeira relação com as vozes que nos rodeiam?!!
Tanto vamos escutando no nosso dia a dia, palavras ocas repletas de futilidades, palavras opacas com as desinteressantes cores que vão persistindo na moda, palavras redondas e politicamente correctas que sabem encaixar-se nos discursos dogmáticos, palavras brilhantes e acesas que vão iluminando caminhos e queimando trajectos possíveis.
Palavras... traduzidas em vozes quotidianas, pareceres imparciais baseados nas vivências individuais prometem melhor caminho achar, para o bem-estar colectivo.
Vozes... mais que palavras que nos vão alimentando, elas de forma persistente, querem verdadeiramente dar-se a escutar, entoando a melodia que se esconde no verdadeiro significado de cada palavra, indo até muitas vezes contra o mais objectivo significado da palavra.
A voz... muito mais que transmissão de palavras, é sim, transmissão de mensagem... muito sábia ela é...revelando o escondido...e escondendo o revelado.
Falar de viva voz, não significa por si só entrarmos numa gritaria sem sentido...falar de viva voz, é sim... dar vida ao pensamento, dar emoções a «coisas» frias... é contribuir para que as imagens sejam personificadas dentro de nós, é fazer dessas imagens, parte de nós... é deixar que o nosso sangue assimile as notas musicais que a melodia vocal nos vai transmitindo.
A VOZ... se atender-mos bem à sua importância, bastará somente pensar nisto: Numa vida a dois... tudo invariavelmente vai-se alterando e renovado (há sempre mudança...para o bem e para o mal!), a pessoa que está do nosso lado, com o evoluir do tempo deixa de ter o corpo que tinha; as agruras e alegrias da vivência, ela própria, vai condicionando e enrugando, quer expressas na pele, quer pelas evidentes divergências (com o passado) na forma de pensar... TUDO vai sofrendo a erosão do tempo... todavia, existe a voz... a VOZ, essa que desde o primeiro dia ao último sopro de vida, essa sim, munida de toda a experiência da vida se mantém inalterável....reagindo do mesmo modo a circunstâncias distintas no tempo.
Será então com a voz que realmente aprendemos a viver em grupo...é com a voz de cada um que aprendemos a conhecer alguém.... é com a voz que saberemos interpretar os vários estados de humor... é pela voz que vamos adivinhando as emoções das pessoas... e é, no final, com a mesma voz de sempre que... para sempre poderemos regressar ao passado... viver o presente.... e sonhar o futuro, sendo que este «regressar», «viver» e «sonhar» poderá ser aliado, individualmente ou em grupo, ao «passado», «presente» e «futuro», sem qualquer tipo de ordem.
A vós, com minha voz...chego até vós, e este meu «eu» será sempre, para vós, muito mais que minha voz... será aquilo que sendo meu....é também de vós(z)!

quarta-feira, abril 27, 2005

Azul (E) Escuro...

Poeta à luz sentado
vê na sombra, reflexo
da claridade em si, castrado
escuro, no puro sem nexo.

Desenhas letras audíveis
ao sabor do som silencioso
escreve no escuro, amores visíveis
caminhando à luz do assombroso.

Pé ante pé, de rasto lento
varre a poeira acumulada,
a sombra vagueando faz o vento
da memória antes sonhada (amordaçada).

Planeta de luz…
de vivas cores e formas,
a sombra, és tu quem seduz
o vulto que no brilho… contornas.

terça-feira, abril 26, 2005

Um Dia Mais...

Eis mais um dia que a vida aniquilou, dia após dias contando os segundos que vamos devorando sem sequer dar conta, chego ao final do dia e repenso no que fiz hoje... o que realmente de produtivo fiz eu hoje. E pergunto-me, mais que uma vez... e outras vezes mais. A resposta, essa é muitas vezes a menos adequada; hoje é mais um daqueles dias que das 24 horas que se esfumaram, nem um mísero sabor a dioxido de carbono consegui atingir!
E aqui estou eu, ao som das melodias quentes vindas do Ártico (Islândia) pela musicalidade dos Sigur-Ros, tentando a(es)quecer com esta inconsequente contradição, o frio real que a constante exercitação da vida me vai causando... e isso, esse sentimento nem a própria alma do fogo consegue hoje alterar!
Um dia mais... mais um dia...

O Meu Primeiro Dia...

Fazia já algum tempo que tinha como intenção publicar via blog algumas ideias, comentarios, ideais, historias, vivências... no fundo, fazer deste «muro» um espaço único onde a liberdade das palavras será sempre bem maior que a liberdade possivel que a voz pode expressar!
Sendo este o primeiro passo, e tendo este passo acontecido de uma forma muito repentina, sem ideia pré-definida do titulo a dar ao Blog, certo é que ele ja existe e será com esta minha sombra que irei... extravasar alguns dos pensamentos que inundam a minha mente!
A quem futuramente ler este meu espaço, que será tanto meu, como de todos aqueles que mais directa ou indirectamente se correlacionam comigo, a todos que depositem aqui seu olhar e seus sentidos, desde já o meu obrigado pelo tempo dispendido... na certeza de que aquilo que vão ler... nada mais sendo do que palavras, será também... uma parte de mim (nao sendo, de todo, o todo!).