terça-feira, dezembro 25, 2007

Chove...


Tenho os meus pés frios… ao ponto de não mais os sentir… e lá longe, vão meus sonhos caminhando pelos terrenos que meus pés jamais vão fazer sorrir.
Vou deixar o meu olhar mergulhar numa única gota de chuva que aquela nuvem cinzenta, em forma de nuvem cinzenta, vai, dentro de três minutos e cinquenta e oito segundos, abandonar.
Este é o tempo certo... esta é a chuva suficientemente ácida para carpir a criação da melodia que vai ganhando vida na pauta feita com terra e com passos. Há uma clave de sol inundada, sem dó nem piedade, por estas águas que brotam do cinzento mais escuro que uma nuvem pode sequer sonhar. Há lá... longe... um outro deus que segreda aos ventos, silêncios que a chuva consegue alcançar.

Está a chover… e a minha gota de vida que não chove! A nuvem cinzenta, mudou de forma mas continua… nuvem e cinzenta… mas o vento, não mais permitiu que a suas formas fossem alvo dos olhares sedentos que jazem no horizonte…

Continua a chover… está um belo dia ausente de sol… continuo com os meus pés frios, e só deles me lembro porque deixei de os sentir…
A sombra sombreou aqui

segunda-feira, dezembro 24, 2007

Natal...

Dizem que é Natal! É oficial… o Natal chegou!
De uns dias a esta parte, tenho percebido que o Natal chega numa espécie de pré-época, vai-nos adocicando aos poucos com momentos tipicamente natalícios! Sim… a decoração das casas… tudo esta mais vermelho, tudo esta bem mais florido, tudo cheio de luzinhas a piscar, como que clamando socorro em código Morse fazendo crer aos entendidos que ali está uma luz, uma cor uma mensagem de paz e alegria que necessita urgentemente de ser libertada e propagada… mas o problema... o problema é que as luzinhas só vivem durante a noite, e mesmo durante a noite, têm um período escasso de vida… como que pirilampos, logo há quem resolva poupar na energia… que a vida não está fácil para ninguém! E tudo volta ao normal… tudo parece ficar adormecido no dormitar normal dos humanos! Adormecemos como em todos os outros dias… provavelmente até adormecemos com maior dificuldade porque ainda não compramos «aquela» prenda para «aquela» pessoa… ou não sabemos ainda como gerir o nosso orçamento, ou então… não sabemos ainda se sempre vamos «dar» algo aquela outra só porque… há ainda umas quantas questões a solucionar!
Mas logo amanhece… os pássaros, imunes às quadras (a não ser, quiçá, as épocas de caça) lá acordam a chilrear como em todos os outros dias… e o dia vai amanhecendo… e as pessoas vão acordando… e as pobres luzinhas que ficaram por esquecimento a piscar…. ou porque há a secreta esperança que alguém, às tantas da madrugada, passe na rua…fique a saber e dê a saber aos demais que nesta e naquela casa... há espírito natalício!
E lá vamos nós acordando… nos últimos dias, logo pela manhãzinha dá para sentir os aromas do natal… ligamos a TV e somos desde logo bombardeados por um infindável número de anúncios a perfumes cheirosos… todos eles repletos de homens e mulheres bonitas, músicas estimulantes, imagens misteriosas… (quem sabe, se… no sapatinho não recebo um desses perfumes… com anúncio incluído:)).

Mas… a vida corre o seu natural ritmo… não há cá pensar muito que isso dá dores de cabeça… há que levantar a cabeça… rumar ao nosso destino… sentir o espírito do natal no trânsito... ver os sorrisos dos outros condutores… uns abrindo a boca, outros rindo para a voz que se escuta na telefonia… outros há, casais, cegos surdos e mudos para quem vai ao seu lado… outros há parecem apenas comunicarem por linguagem gestual… gesticulando alto e bom som para que todos vejam! E chegamos ao destino… e trabalhamos… e fala-se sobre prendas… sobre o jantar de natal da empresa, nos aumentos do próximo ano… no clube de coração que perdeu… na vizinha de cima... no vizinho do lado… e os políticos que são uns filhos da mãe… e os outros, que também são filhos e têm mães, mas que não são filhos da mãe…
E eis que regressamos a casa… com o espírito natalício lado a lado connosco… vamos escutando “jingles” na rádio com musicas natalícias, vamos circulando por ruas iluminadas, vamos bebendo e tendo cada vez mais sede de chegar cedo a casa… e não conseguimos… e ficamos com fome… porque não matamos a sede de chegar cedo… e ligamos as luzinhas de natal… há que acender o espírito… e deixar que ele penetre em nós e nos que avistam as luzinhas… e preparamos o jantar que isto de ser natal não faz com que o trabalho de casa se faça sozinho… e há que preparar os miúdos para dormir, saber se já fizeram os trabalhos de casa, combinar o dia de amanhã (embora o amanhã… seja sempre a mesma descombinaçao total) ….…….. e por ai adiante!

Sim… é natal… é oficial… o Natal chegou… chegou no preciso momento em que… chegou… naquele mesmo momento… nesse mesmo… estão a ver, não estão? Todos sabem, não sabem? Precisamente… nesse preciso momento… chegou! Mas… porque será que ninguém ainda deu conta?!

A todos um natal feliz… condizente com o significado que cada um de vocês tem dele! A todos vocês, que me são mais queridos… que, por este ou aquele motivo, me fazem gostar de vós… aqui deixo desejos diariamente renovados de que tudo de bom vos aconteça!

Natal só faz sentido… quando há família e amigos… obrigado a vocês por fazerem com que eu também tenha sentido!

quarta-feira, dezembro 12, 2007

[...]

Na penumbra de um beijo que se alimenta de sal, nasce um flamingo encoberto pela sombra do respirar do astro rei. Não há luz, não há mar… existe apenas um porto aportado na fronteira inexistente entre o brilho do sol e o manto lunar.

Um dia… que de tanto esperar se fez noite… o flamingo acordou, amanheceu na sua noite e fez dela o dia mais brilhante do seu olhar.

domingo, novembro 11, 2007

Profundo como o mar...

… Profundo como o mar, surge este sol que ilumina as ondas, tornando visível o seu próprio trilho até um par de pés frios e molhados que anseiam mergulhar na superfície mais profunda de outro mar de sal que não aquele que nasce no seu olhar.
Lá longe, nas profundezas do oceano, habita ainda o destino que um dia a saudade traçou com um pau perdido nas areias de uma praia qualquer. As palavras que escritas foram na areia e apagadas pela fúria de uma onda qualquer… são agora segredadas, pelo vento, às folhas das árvores que vão dançando ao sabor da sua música.

… Profundo como o mar… é o caminho que se esconde à sombra da transparência dos nossos olhos. Contornamos com lágrimas os mesmos sorrisos invertidos que as ondas desenham na praia… e limpamos o rosto com os poros da nossas mãos… imaginando… grãos de areia a filtrar o mar do sal.

Lá longe, está ainda refém das vontades, a essência daquilo que nos faz crescer. O sol não adormece no mar… apenas se ausenta no profundo fundo do nosso olhar.

Adormecemos na ânsia de acordar e esquecemos que navegamos continuamente nas profundezas do mar.
A sombra sombreou por si

quinta-feira, outubro 11, 2007

Musicalidades...


Air - Once Upon A Time Air - Redhead Girl Andrew Bird - Heretics Beck - The New Pollution Blur - Beetlebum Calexico - He Lays In The Reins Cat Power - Say Cat Power - Wild Is The Wind Coldplay - Don't Panic Dead Can Dance - Host Of The Seraphim Death Cab For Cutie - A Lack Of Color Death Cab For Cutie - I Will Follow You Into The Dark Death Cab For Cutie - Transatlanticism Editors - Smokers Outside The Hospital Doors Fiest - 1234 Flaming Lips - All We Have Is Now Flaming Lips - Are You A Hypnotist? Flaming Lips - In The Morning Of The Magicians Imogen Heap - I'm A Lonely Little Petunia Jeff Buckley - Cospus Christi Carol Jeff Buckley - Grace Jeff Buckley - Lover, You Should've Come Over Koop - Come To Me Koop - Koop Island Blues Lady & Bird - La Ballade Of Lady & Bird Lady & Bird - Run In The Morning Sun Lady & Bird - Suicide Is Painless Laura Veirs - Rapture Leonard Cohen - Dance Me To The End Of Love Leonad Cohen - I'm Your Man PJ Harvey - The Mess We're In PJ Harvey - When Under Ether PJ Harvey - You Said Something Radiohead - Everything Is Its Rigth Place Radiohead - Optimistic Red House Painters - All Mixed Up Red House Painters - Song For A Blue Guitar Rufus Wainwright - Beautiful Child Rufus Wainwright - Natasha Spain - Waiting For You To Come The Get Up Kids - I'll Catch You The Shins - Pink Bullets This Mortal Coil - Holocaust Tindersticks - Travelling Light Tom Waits - Grapefruit Moon Venus In Furs - Ladytron
(A sombra...e os seus momentos)

quarta-feira, outubro 03, 2007

Rumos...

Retrato do retrato de uma vida... pretendendo, constantemente, retratar-se nas suas escolhas e opções!

Seguimos o nosso rumo... lado a lado com rumos divergentes. Por vezes rumamos e trespassamos caminhos distintos... e novos labirintos vamos construindo! Perdidos no emaranhado de caminhos cruzados, vamos percorrendo às escuras, trajectos familiares, não por neles caminhar, mas pela constante vontade de os evitar.

Rumos rectos…

Ritmos cruzados pelas ambições…

Curvas cegas pelo desejo…

Tudo é preto e branco... e são os olhos, nossos e de outros... que vão dando cor aos caminhos que vamos traçando (percorrendo-os ou não).

E a vida continua... como sempre... contínua e continua… até que um dia, achamos a saída final do labirinto… e aí, acordamos… (?)

A sombra sombreou aqui (vale a pena visitar)

quinta-feira, setembro 06, 2007

La musica… sempre la musica!

E porque hoje deixou de respirar um dos grandes responsáveis por tornar mais popular a música dita erudita, aqui fica uma breve demonstração de como a música consegue imortaliza alguém.



domingo, setembro 02, 2007

[...]

Olho e volto a olhar para o teclado e só penso na ausência que se manteve presente na minha sombra.
Os dias foram passando, as noites se foram acumulando e as vivencias que outrora tinham sido pintadas nesta tela deixaram simplesmente de o ser. Não sei se por ausência de cores, se por um puro afastamento… apenas sinto que respirei tempo a mais fora da minha água (e não percebo bem o porquê).

quarta-feira, junho 13, 2007

[...]

Rasurei o rascunho amarrotado da saudade…
E reli… sem pressa… sem vontade…
Os escritos depositados na gaveta….

Grão a grão… passou a vida na ampulheta…
Passo a passo… renovou-se um caminho na cidade…
Mentira a mentira… construiu uma verdade…
Suspiro a suspiro… se respira na sarjeta.

E nada mais por mim ficou…
E tudo mais, em mim atracou….

Um dia… de tão claro ser
Cegou-me as virtudes que me viram nascer…
E a noite… que ilumina o parco sorriso…
Nasce na hora certa de um tempo impreciso…

Mas… é tarde demais para sentir…
É cedo, muito cedo para acordar…
Sonho com realidades que me fazem sonhar…
E acordo… acordo, para novamente deixar de existir.


E no fim…
E porque perdura sempre um fim…
Faço questão de não acabar…
O rascunho que a saudade foi abraçar.

sábado, junho 09, 2007

Deito meu corpo dormente...

Deito meu corpo dormente... despedaço-me em mil e um bocados... refugio-me na tempestade que inunda minha alma... fecho-me sem saber ao certo se sou matéria... se sou imaginação... se sou algo ou nada... se sou nada em algo.
Fecho os olhos... conto os segredos do dia a dia que nem eu próprio consegui deter...
Suspiro... de olhar enclausurado... e deixo-me aberto unicamente para o meu interior... tudo continua como lá fora... como naquele quarto negro que a luz não consegue iluminar... abro os olhos para mim, mas... só consigo escutar a musica que todos os Outonos se vai e me vai, alimentando de mim. Cada folha que cai... é uma nota musical que vai dando melodia à minha vida.
Faço do meu olhar a corrente geradora desta musica... e... escuto-me... sonhando que me vejo... de fora para dentro.

quarta-feira, maio 23, 2007

( )?

Um dia...

Perguntei ao silêncio se havia escutado meus sonhos...

(Respondeu-me com um arco-íris de uma cor só...)

Perguntei aquilo que só eu sei...

As respostas, que no silêncio deixei... (essas, nem ele as conhece...)

Perguntei-me por mim...
Respondi em silêncio e esperei...
(Que o silêncio melhor resposta pudesse ter.)

sexta-feira, maio 18, 2007

«Onde andas tu?!»

Ando por aqui…
Morri no dia de ontem e acordei… hoje…
Acordei… num passado mais distante (e mais presente)

Acordei…

Este deserto de infinito fim
Teima não iniciar sequer…
Mas, é nele, é nele que procuro matar a sede que ainda me mantém vivo.

E sigo… sigo para o exacto local onde me encontro (e me perco)
Mesmo assim… não «vês»!

Porque será que todo o mundo pergunta, olhando nos olhos, no rosto… «onde andas tu?!»
(Será difícil saber?)

Ando longe… muito longe… e só por esse motivo me conseguem ainda «ver».

quinta-feira, maio 17, 2007

47 = 11:11

Quarenta e sete novas musicalidades...
E como 47 (4+7=11) musicas conseguem fazer o tempo parar (11:11AM)!

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril... Sempre!


E porque ainda ha muito para fazer... 25 de Abril... sempre!

terça-feira, abril 10, 2007

[...]


As palavras não abundam… mas a musica, a melodia, por mais silenciosa que seja… desperta-me! E assim vou eu acordando… de mim e para mim…
Adormeço, sonhando os sonhos sonhados que se escondem nas notas musicais, e construo um mundo de todas as cores e sentidos!
Por isso… hoje… apenas me sento… uno as minhas mãos… deixo-me morrer… e dou asas… dou asas às asas que guardo no peito…

Hoje… nasci sem sol… era o vento quem pintava o dia, pintava-o da cor da água que bebia nas nuvens… matava a sua sede e alimentava-me o dia com os seus segredos incolores.
De mãos atadas… deixei que meus ouvidos abraçassem a musica e fechei os olhos… bem fechados… para que aquela melodia, de mim, não mais saísse…


quarta-feira, fevereiro 28, 2007

(t)Riste

Um sorriso…
(enorme…)
Que nasce em mim e se reflecte na lua…
Propaga-se…
(bem aqui dentro!)
Pelas asas de um silêncio amigo…
(que me consome)
E incendeia-se…
Com o grito de uma lágrima que jamais será tua.

De sorrisos mais se faz uma alegria…
De tristezas menos se faz a poesia…

quarta-feira, janeiro 17, 2007

[...]

E fez-se luz!
O fim de um novo inicio… morreu!
Morreu… na esperança de fazer sentido…
E a noite ainda longe, renasceu…
Dando luz a um outro eu adormecido.
Da névoa se fez a sorte…
Do azar floresceu uma rosa cravada de espinhos…
E daquelas mão que acarinhavam a morte…
Despertaram secretas vontades por outros caminhos.

Nascido nos avessos do teu interior…
Cresceu uma pérola sofrida…
E a saudade… a saudade pelo amor…
Alimenta-se no interior da sua própria ferida.

E há um dia que nasce ao deitar…
E há uma voz que o silêncio propaga…

Nada mais há senão a ilusão…
A ilusão de quem sonha ainda se perdoar
Pelos dias ausentes de chama…
Pelas noites constantes na combustão…
Pelas cinzas que vão pairando no ar….
Pelas tristezas que ainda se ama.

Vai longe, tão longe vai teu eco…

Segues clandestino no teu próprio barco…
Rumas à deriva neste teu imenso mar
E mergulhas bem fundo, até conseguires respirar…
A essência desta alma em que atraco.

E da luz se fez luz…
Que ilumina… que seduz…

segunda-feira, janeiro 01, 2007

A Lua de hoje...


Longe vai o dia… que o sol ajudou a vislumbrar…
E agora, agora és tu a rainha vestida nesse manto de luar…

Ficas senhora dos céus… invades tudo e todos com esse teu véu… e nós, que te avistamos de bem longe… contemplamos ao sabor da música da noite, os recados que vais pintando nos olhos de cada um.
Deixas aqui e ali, bocadinhos de ti… deixas que tua luz se espalhe… e dê um pouco mais de brilho aos nossos olhos… escutamos os recados que os olhares anónimos cravaram na tua aura azul… umas vezes vamos sorrindo, outras vezes ficamos pensativos, mas… deixamo-nos inundar por esse teu azul… sentimos o sal que os mares de lágrimas foram deixando em ti… sentimos o doce dos rios de sorrisos…

Que recados tens tu (para mim)… que azul intenso é esse que te circunda… (e me invade), que saudade transportas no corpo da tua alma… que desejos escondes ainda na sombra imensa que ainda te rodeia… Por mais que ilumines o meu caminho… por mais que me tentes direccionar o olhar para as estradas onde caminho… o teu luar não será nunca uma mera lâmpada... o teu luar, será sempre… a minha sombra.
(a sombra...sombreou por si)