terça-feira, maio 10, 2005

Um Dia...

Um dia, em uma certa noite que tarde ou nunca nos deixou entardecer, acompanhando a sensação de liberdade que uma brisa amena, saudosa de primavera, vai percorrendo em este meu rosto estático, querendo deste modo reviver o entardecer já perdido…
Um dia… entre outros mais. Mais um dia em que o sol se foi sem mandar noticias. Procuro-as ainda por entre as árvores e os cânticos dos pássaros, tentando escutar a viva voz em forma de ecos, a suave melodia causada pelo leve e infernal deitar do sol sobre o mar…
Mas não, não... hoje não será dia para tais sensações, e a saudade de escutar o fervilhar do enorme oceano, quando o pequeno sol mergulha no azul distante, mantém-se ao longe! Curioso não deixa também de ser, que na verdade, sol e mar nunca se cruzam, nunca se mergulham, tão distantes eles estão um do outro e mesmo assim, tão interligados vivem… todos os dias… num certo dia… num dia incerto…
E aqui estou eu, voltado da janela do meu quarto, supostamente para o ponto de encontro visualizado, sinto que tudo isso se passa logo ali no dobrar da primeira montanha, mas… por certo estarei enganado, por certo… não estarei assim tão perto, assim como o sol e o mar… que se cruzam, mas que não se tocam, que se envolvem, mas não se conhecem.
Um dia… hoje… um amanha… ontem… eu… o sol… o mar… nada de comum, mas não será o sol mais brilhante porque é reflectido pelo mar? Quem nos impede de pensar que o sabor salgado do mar não se deve aos raios de luz solar, que mais não são que… lágrimas de sangue avermelhado… e eu…eu, no meio de tudo isto, que faço?! Uma nuvem clama a sua atenção, invadindo os meus pensamento… e assim persiste… Porque será que aquela nuvem persiste acompanhar estes meus pensamentos? Será essa mesma nuvem o meu reflexo… bem lá no cimo, do alto dos céus, vendo de um ponto privilegiado, o sol… o mar…
Mas, e eu?! Onde estou eu?!
Pois eu… estou aqui, na janela do meu quarto... em mais um dia… sentindo a brisa amena… estou aqui, longe de tudo o que me rodeia, mas estou aqui… mesmo que o «aqui» esteja tão distante como… o Sol e o Mar!

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