segunda-feira, maio 23, 2005

Fazia Tempo...

… Que não deixava nenhum pedaço de mim neste cantinho! Torna-se estranho sentir que existe algo muito nosso mas que está vazio de nós. Por certo isto sentimos milhares de vezes, sentir aquela ausência de nós próprios, sentir que estamos longe de tudo e todos, sentir que nem em nós residimos.
Onze dias depois, resolvi-me a preencher uma parte de mim, pelo menos este pedacinho estará por mais algum tempo confortado pela minha existência em mim próprio. Todavia nem sei o quanto isso terá de reconfortante, as vezes até acho que vale a pena sairmos de nós mesmo, vagueando junto dos pensamentos alheios que vento vai transportando ate ao infinito, esperando que lá seja devidamente traduzido o impacto de cada sentimento pensado! Sim, deve ser agradável, permanecer junto de tudo que vagueia, podendo até nem ser de relativa importância tudo isso, mas por certo a liberdade será bem maior…
Ai a liberdade… a liberdade… pode até parecer estranho tudo o que vou dizer seguidamente, mas será apenas uma visão. Nos tempos em que vamos vivendo temos a tendência de culpabilizar a sociedade de tudo, parece ser um monstro que nos envolve e que não nos dá a liberdade suficiente para seguirmos com as nossas vontades. No entanto, existe em mim uma outra visão, liberdade maior será aquela que a nós mais directamente nos diz respeito… a liberdade de nós próprios, sentir que estamos livres dos nossos medos, dos nossos estigmas, das nossas frustrações, das nossas auto exigências… não seria então má ideia que pudéssemos simplesmente... sair de nós…e vaguear, preenchendo o nosso vazio, seja com um sorriso, seja com uma lágrima, mas sentindo que aquele espaço anterior… era tudo menos, nosso!
Seria bom que assim pudesse acontecer, e por momentos até será algo utopicamente alcançável, mas… existe em nós a capacidade de memorizar, assimilar, aprender e adaptar as nossas vivências aquilo que somos e que queremos ser.
Existe sempre um passado, um presente e um futuro, e essas três bases interiores serão sempre as responsáveis, em grande parte, por aquilo que somos… quem sabe se um dia não somos mais livres dessas bases, mais autónomos das nossas vivências, quem sabe?!
Quem sabe?!! O que sei… bem, sei que vamos vivendo então com essas três bases… e sei que o passado, será sempre uma sombra que no presente, busca uma luz futura! (Que luz será essa?!)

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