terça-feira, maio 31, 2005

Noite Atribulada de Beleza...

Esta noite foi-me deveras proveitosa, atribulada mas muito proveitosa! Deitado à hora habitual, já passava uns minutos depois das 2 da manhã, depois de assistir a uma série do canal Um, onde a personagem principal é uma funcionaria de uma morgue que tem o dom de ajudar as pessoas que acabam de morrer (aconselho a ver... não se assustem... é bastante agradável!) lá fui adormecendo a custo... o misto de noite e calor deixa-me sempre com poucas forças para adormecer. Sem dar conta... adormeci (acho que adormecemos todos assim... sem dar-mos conta), mas ainda não estando num sono profundo, o ruído exterior alertou-me, pois, são as vantagens de quem dorme com a persiana entreaberta... escutamos sempre o que a noite esconde do dia, e nesta noite... o latido dos cães vizinhos e do nosso Oscar .. com o seu latido característico de que algo ou alguém está por perto, alertou-me e me despertou.
Sem muito custo, levantei-me... fui até à janela da cozinha (q fica nas traseiras da casa... como o meu quarto...para as interessadas :o) ), avistei para baixo, parecia tudo calmo... todavia, sentia-se que algo não estava bem, resolvi então ir ate à varanda exterior... uns pouco gatos (uns vadios...outros clandestinos) estavam também eles a produzir um som característico (pensando eu que fosse próprio da época onde as lutas entre apetites convergentes levam à uma «guerra» pela «posse» da saciadora de tais apetites). Eis que então resolve sair da erva alta do campo... uma Raposa... é verdade, uma raposa! Senti então aquele perturbação típica do humano... proteger o ser território, afastar aquela que seria a ameaça para coelhos e galinhas... não fiz mais que uma serie de movimentos e ruído para a afugentar... aos poucos, lá foi a Raposa, saltando por entre a erva... em direcção ao monte... seu habitat e meu cenário de predilecção. Por certo não seria a primeira vez que ela (ou ele) estivesse por aqui (assim como das outras vezes, não havia impressões digitais visiveis..será q usa luvas?! : ) )... por certo não será a ultima vez que nos vai visitar...
Retive-me ainda um pouco mais na varanda... uns bons 15 a 20 minutos, segundo dizem os antigos, é normal ela regressar... no mesmo dia, mas não mais tive indícios de sua presença. Aquando dessa espera... senti verdadeiramente a noite, fui pensando no que levaria a Raposa andar por ali, fui imaginando as dificuldades das possíveis crias e no final... só desejava mesmo que ela encontrasse alimento quanto antes. Ali, no silêncio da noite... apenas se escutava o sorrisos... das folhas das árvores quando acarinhadas pela brisa da noite, sorriso que algumas vezes era substituído por gargalhadas mais extrovertidas quando a brisa resolvia acelerar o passo em direcção... ao seu destino (Já agora... qual será o destino do vento?!).
Entretanto... fiz um leve vislumbre pelo que me rodeava, procurando movimentos estranhos... buscando novas noites na noite que eu já conhecia... num desses relances que a visão me proporcionou, avistei...lá bem mais longe o famoso monte das caldas, tinha no seu topo uma luminosidade estranha... fiquei atento, não fosse um incêndio, mas a claridade, não tinha tons avermelhados, mas antes ... um tom lunar... és mais um segredo da noite que avistei... a lua... enorme... mesmo estando só pela metade, surgiu como saída do interior da terra, numa mistura de imponência e fragilidade. A ligeira névoa que persistia no ar... adensava e propagava o luar, seria uma imagem de fragilidade talvez por isso... porque parecia-me uma daquelas pinturas a lápis de cera que as crianças resolvem fazer. E ali fiquei eu... esperando que a totalidade da lua ficasse visível... escutando ao mesmo tempo as conversas entre a brisa e as arvores (que contam uma à outras?!)... olhando a erva alta, que no final, nem parecia tão alta quanto isso... e ali fiquei... um pouco mais....
Pouco depois, regressei ao meu quarto... tudo estava mais calmo... parecia mesmo que só o relógio, apesar de continuar na sua busca interminável de buscar o segundo seguinte, curiosamente, naquela noite, parecia que apenas o relógio... tinha parado no tempo!

quarta-feira, maio 25, 2005


Ai a Luaaa... a Luaaaa!

segunda-feira, maio 23, 2005

Fazia Tempo...

… Que não deixava nenhum pedaço de mim neste cantinho! Torna-se estranho sentir que existe algo muito nosso mas que está vazio de nós. Por certo isto sentimos milhares de vezes, sentir aquela ausência de nós próprios, sentir que estamos longe de tudo e todos, sentir que nem em nós residimos.
Onze dias depois, resolvi-me a preencher uma parte de mim, pelo menos este pedacinho estará por mais algum tempo confortado pela minha existência em mim próprio. Todavia nem sei o quanto isso terá de reconfortante, as vezes até acho que vale a pena sairmos de nós mesmo, vagueando junto dos pensamentos alheios que vento vai transportando ate ao infinito, esperando que lá seja devidamente traduzido o impacto de cada sentimento pensado! Sim, deve ser agradável, permanecer junto de tudo que vagueia, podendo até nem ser de relativa importância tudo isso, mas por certo a liberdade será bem maior…
Ai a liberdade… a liberdade… pode até parecer estranho tudo o que vou dizer seguidamente, mas será apenas uma visão. Nos tempos em que vamos vivendo temos a tendência de culpabilizar a sociedade de tudo, parece ser um monstro que nos envolve e que não nos dá a liberdade suficiente para seguirmos com as nossas vontades. No entanto, existe em mim uma outra visão, liberdade maior será aquela que a nós mais directamente nos diz respeito… a liberdade de nós próprios, sentir que estamos livres dos nossos medos, dos nossos estigmas, das nossas frustrações, das nossas auto exigências… não seria então má ideia que pudéssemos simplesmente... sair de nós…e vaguear, preenchendo o nosso vazio, seja com um sorriso, seja com uma lágrima, mas sentindo que aquele espaço anterior… era tudo menos, nosso!
Seria bom que assim pudesse acontecer, e por momentos até será algo utopicamente alcançável, mas… existe em nós a capacidade de memorizar, assimilar, aprender e adaptar as nossas vivências aquilo que somos e que queremos ser.
Existe sempre um passado, um presente e um futuro, e essas três bases interiores serão sempre as responsáveis, em grande parte, por aquilo que somos… quem sabe se um dia não somos mais livres dessas bases, mais autónomos das nossas vivências, quem sabe?!
Quem sabe?!! O que sei… bem, sei que vamos vivendo então com essas três bases… e sei que o passado, será sempre uma sombra que no presente, busca uma luz futura! (Que luz será essa?!)

quinta-feira, maio 12, 2005

Uma Essência...

A Essência de uma vida... Uma vida de Essências...
Será que não temos varias essências para uma só vida, ou então pergunto-me, se não teremos dentro de nós, mais que uma vida numa só essência. Em muito se resume a nossa essência e a nossa vida, na constante busca por nós mesmos, tendo como reflexo a busca de uma segunda, terceira, quarta, quinta, sexta pessoa, sejam familiares, amigos, sejam estranhos, sejam eles paixões, amores... porque em muito se resume nisso, nessa busca que é constante, que nos faz pensar muitas vezes que temos uma só vida, mas que também nos faz pressentir que detemos varias vontades (por vezes contraditórias) … diversos sonhos (por vezes impossíveis) que não parecem caber dentro da vida que levamos, mas na verdade, inconscientemente sempre pretendemos atingir, nem que seja por um segundo... sim, um segundo! Porque esse segundo, poderá ser, uma vida mais pela qual passamos, pela qual aportamos, pela qual retemos informação e pela qual, nos dá vontade e forças para querer sonhar e realizar, e estar… e viver… seja a vida que for… mas viver num sonho de realidades.
A essência... o conteúdo, de cada uma dessa vidas, não é mais, que a busca do desejo de viver, o mais possível! Fazer de uma vida só... mil e uma vivências!
Muito se poderia dizer, mas… mesmo assim, muito ficaria sempre longe do alcance das palavras… sempre longe de tudo e todos, mas ao mesmo tempo, sempre mais perto do que imaginamos. Estejamos todos atentos a tudo, nem imaginamos a quantidade de coisas, de vidas e de essências, que diariamente, minuto a minuto, segundo a segundo… vamos perdendo! Mas o tempo, esse renova-se, bem mais facilmente que as pessoas, e lá vamos nós prosseguindo... neste dia a dia... sem saber em que vida vivemos… sem saber tão pouco… qual a nossa essência!
(Seria tão bom conhecer o real e verdadeiro aroma da essência nossa... minha... tua!)

terça-feira, maio 10, 2005

Um Dia...

Um dia, em uma certa noite que tarde ou nunca nos deixou entardecer, acompanhando a sensação de liberdade que uma brisa amena, saudosa de primavera, vai percorrendo em este meu rosto estático, querendo deste modo reviver o entardecer já perdido…
Um dia… entre outros mais. Mais um dia em que o sol se foi sem mandar noticias. Procuro-as ainda por entre as árvores e os cânticos dos pássaros, tentando escutar a viva voz em forma de ecos, a suave melodia causada pelo leve e infernal deitar do sol sobre o mar…
Mas não, não... hoje não será dia para tais sensações, e a saudade de escutar o fervilhar do enorme oceano, quando o pequeno sol mergulha no azul distante, mantém-se ao longe! Curioso não deixa também de ser, que na verdade, sol e mar nunca se cruzam, nunca se mergulham, tão distantes eles estão um do outro e mesmo assim, tão interligados vivem… todos os dias… num certo dia… num dia incerto…
E aqui estou eu, voltado da janela do meu quarto, supostamente para o ponto de encontro visualizado, sinto que tudo isso se passa logo ali no dobrar da primeira montanha, mas… por certo estarei enganado, por certo… não estarei assim tão perto, assim como o sol e o mar… que se cruzam, mas que não se tocam, que se envolvem, mas não se conhecem.
Um dia… hoje… um amanha… ontem… eu… o sol… o mar… nada de comum, mas não será o sol mais brilhante porque é reflectido pelo mar? Quem nos impede de pensar que o sabor salgado do mar não se deve aos raios de luz solar, que mais não são que… lágrimas de sangue avermelhado… e eu…eu, no meio de tudo isto, que faço?! Uma nuvem clama a sua atenção, invadindo os meus pensamento… e assim persiste… Porque será que aquela nuvem persiste acompanhar estes meus pensamentos? Será essa mesma nuvem o meu reflexo… bem lá no cimo, do alto dos céus, vendo de um ponto privilegiado, o sol… o mar…
Mas, e eu?! Onde estou eu?!
Pois eu… estou aqui, na janela do meu quarto... em mais um dia… sentindo a brisa amena… estou aqui, longe de tudo o que me rodeia, mas estou aqui… mesmo que o «aqui» esteja tão distante como… o Sol e o Mar!

quinta-feira, maio 05, 2005

05-05-05 - 05:05:05

Estávamos nós no segundo milénio, no seu ano cinco, no mês cinco, no diz cinco, numa quinta-feira, pelas cinco horas cinco minutos e cinco segundos… Será que esta momento terá em si algo especial? Será que neste preciso momento não se despertaram cinco novas vidas, será que ao mesmo tempo, não se eclipsaram outras tantas cinco vidas?!
Levou-me a pensar esta circunstância temporal, tempo que foi estabelecido pelo homem, e este mesmo homem vai tentar explicar esta coincidência que se verifica unicamente uma vez em cada mil anos, procura explicações exteriores, olha para os céus… procurando uma explicação… pensam mais que nunca nos pormenores como fonte de explicação destes grandes mistérios. Procuramos uma resposta a algo que nem questionar sabermos… questionar o tempo? Pois, não dá... nem que todos os relógios do mundo resolvam entrar em tempo de greve, nem assim, o tempo para… é por isso mesmo que esta coincidência… este momento e este pensamento se resume, unicamente… a um segundo! Não se encontra resposta, e a pergunta, um segundo será curto em demasia para, sequer, nela pensar.
Entre o segundo quatro e o segundo seis, existe o cinco… nunca este segundo foi tão repensado como hoje e agora… nunca a imaginação pensou tanto neste segundo, nunca a imaginação… fez tanto por tão pouco tempo!
E amanha… já é sexta-feira… dia seis, para a próxima sexta feira, será dia treze e outras sensações, na pele, na mente, nos rituais humanos vão levantar a voz…
Na realidade, que força teve este momento em nós?! Por certo que teve a mesma força que todos os outros momentos temporais têm! Mas, porquê toda esta estranheza? Porque nos faz pensar tanto algo que desde logo, nos enclausura e bloqueia em dois simples números?!
Estranhamos tanto as coincidências e nem pensamos sequer que o mero acaso, é muitas vezes fruto pré estabelecido pelas próprias regras humanas… (Estranho!)

terça-feira, maio 03, 2005

Cinco Minutos...

(22:09)

Em cinco minutos que seria possível fazer, o que diríamos nós nesse espaço. Em cinco minutos apenas, será que somos capazes de renascer de nós próprios e um novo rumo tomar?!! Neste período temporal, enclausurados entre duas paredes de tempo, como tantas vezes nos sentimos, existe um espaço livre. É nesse espaço que reside a chave de tudo que em nós, mais força terá para sobreviver.
A questão não está nos cinco minutos, a revelação não estará por certo na velha e recorrente desculpa do Tempo… o tempo esse, flúi numa constante batida, ficando o ritmo dessa mesma batida, dependente de variações, improvisos e leituras desta pauta que é a vida…
Em cinco minutos apenas…. Podemos rever muitos outros minutos, fazendo deste breve momento uma vida… e da vida, mil e um momentos a recordar e revisitar.
Tempo atempadamente incerto… que nos desvia pelos errados caminhos do correcto…
E o tempo … acabou!

(22:14)